quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Sim, somos gavetas!
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Drummond tinha razão!
E o que os ares me trazem?
Me trazem o pólen, o óleo, o filtro, os cheiros
E me roubam as palavras!
Elas já não vêm aos montes, felizes crianças após o sinal tocar...
Não!
Estão entaladas, moídas, cheias de dor e prazer noturno.
Umas vêm pela metade, mordidas, cuspidas, bebidas, às vezes nem vêm!
As poucas que chegam me fazem desistir delas, desnecessárias, demasiadamente pessoais,
Mas se elas não vêm, nem sem forma, disformes, entro em estado de fome literária,
Não consigo mais fazer florir em mim as palavras, elas murcham, elas entram em overdose de pólen e secam!
Sim, Sr. Dummond de Andrade, lutar com as palavras é sim uma luta vã!
Já não consigo mais semeá-las, emudeceram todas!
Nenhuma vem me acordar de madrugada sussurrando em meus ouvidos para serem escritas,
Pelo contrário! Elas me fazem cafuné, alisam meu pescoço, me deixam dormir à vontade
Com esse silêncio insuportável que elas me fazem ficar!
Acho que elas querem que eu volte a desenhar...
Não posso mais, entreguei a alma as palavras!
Os traços não saem mais, a mão dói, o sentimento de traição pesa
Meu santo bateu na prosa, na poesia, na lira, no verso do poeta gauche, no zumbido do poeta marginal.
As palavras a mim andam teimosas, as palavras em mim nem andam mais, perderam as pernas e a vontade de serem parte de mim.
Elas se negam a esconder alguém por debaixo dos lençóis que cobrem o verso,
Preciso chorar para que elas saiam, preciso plantar em pleno verão!
Preciso manter os olhos limpos e os cabelos encaracolados cheios de nós, de nó, de anedotas.
Preciso-as.
Elas não precisam de mim, nem de você que lê...
Elas precisam do menino fazendo pergunta, da menina sujando o vestido,
Elas só precisam delas próprias, do encantamento diário,
Das flores do verão, do cobertor de orelhas no inverno,
Elas transitam...
Tomaram o lugar das minhas veias, beijaram meus cílios....
Embaçaram minha vista... Ai, palavras... Acho que somos um só...
Inconstantes nessa vida que não será minha primeira, nem suas últimas,
Sejam sempre bem vindas e jamais findas...
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Última carta
A carta veio sem assinatura, e por conseguinte, sem remetente. Se não me falhe a memória, nela tinha escrito:
Onde foste parar? Cadê tua alegria? Cadê teus metros de sorriso?Não te reconheço mais! Já não me escreves mais, já não escreves mais! Todo dia olho para ver se escreveste algo novo, e nada. Não te vejo mais falando de vinho, cigarro, amores mal dormidos, minha querida, já nem te vejo. Será que foste parar na terra dos balões? Em um lugar tão distante que já não avisto tua essência. Cadê tuas bobagens ditas que nos faziam chorar de rir? Já não és a inconstância linda que eu conheci. Estancaste em teu sofrimento. Já não danças, não gargalhas, não levantas a cabeça pra se despedir. O que houve, minha querida? Conta para mim, por favor. Te dou meu colo, meus ombros e meus ouvidos só para te trazeres de volta. De volta aos teus amigos, aos teus verdadeiros amigos. Não quero que te percas mais de ti, muito menos que amadureças da forma que esses tais amadurecem. Cultiva essa tua essência, que mesmo estando distante sei que é só tua, minha querida.
domingo, 4 de dezembro de 2011
Poe(a)ma(r)
!
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Puella
Vê se não fica tão distante,
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Bilhete de café da manhã
Incomoda o dia todo.
Como chocolate amargo, por mais que eu beba água teu gosto não sai,
Não sai!
Ficou impregnado em minha língua!
Aqui na cabeça teu cheiro ainda enrola meu cabelo,
Mas é teu gosto que me deixa impaciente,
Ai, quase amor, tu tens gosto de café da manhã,
O cheiro do teu café molhando os lábios, a gota no canto da boca
E o guardanapo sujo de açúcar
Tens gosto de fome da 10:30, lanche da tarde, doce antes do jantar,
Gosto de dia inteiro!
Enfim, quase amor...
Tive um pesadelo esta noite,
E não quis te acordar só para dizer que o açúcar acabou...
Bom dia, quase amor."
domingo, 20 de novembro de 2011
Era uma casa...
Era uma casa...
Nem tão engraçada assim, tem teto, tem matéria prima para amor de muito, tem tanta coisa...
Têm móveis de valor afetivo, carinho e uma manhosidade sem tamanho.
De certo é igual a do Sr. Moraes, não tem chão, nem parede é feita de nuvem de algodão doce,
No porão do céu...
Não é a casa dos sonhos, nem é tão confortável assim, é confortante, com cheiro de baunilha.
O espaço é pequeno, grande demais para sentimentos mesquinhos...
Ah, lembrei... Tem uma estante, um abajur, uns versos trancados na gaveta.
Tem muita luz, muita sede e poucos copos,
Tem o aconchego da nossa própria casa, tem homônimo de lar.
A casa é um coração!
Os botões da blusa, da flor, dos olhos, abrem-se e a casa se enche de vento
Se por muito merecer do coração, a casa se torna morada do amor,
Discorda de quase tudo, do poeta, do quinto verso...
Mas põe no endereço do novo lar do amor:
"Rua dos bobos, Nº 0"
Afinal, o que seria do amor sem esta rua?
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Amor: Funcionário público sem 13º
sábado, 12 de novembro de 2011
Lembrança em sonhos brancos
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Com carinho, ao meu quadro torto
Ainda ontem me peguei recordando à gargalhadas solitárias...
O sorriso cínico no canto do quadro atípico que é teu rosto.
Foi provocação a primeira vista, no sentido de sempre, claro.
Parecia que desde o início estávamos fadada s a nos envenenar por olhares,
Não é? É assim até hoje, amanhã e depois do feriado,
Eu de gêmeos, tu de escorpião,
Deus devia estar com um humor bastante peculiar quando nos apresentou!
Lembra-se, minha querida? Ofereceste-me um copo de vinho e eu ainda nem bebia,
Recusei educadamente o que oferecias e tu ainda fizeste piada com minha timidez,
E pra variar, meu bem, era sexta-feira!
Nem me lembro de quantas vezes te ignorei nos bares da minha vida,
Fingia não te ver passar e tu fazias o mesmo
e contávamos sempre a um alguém que havíamos nos visto,
Até que um desses dias perdidos de Janeiro,
Estava eu sentada no banco da sua casa recusando um copo d’água!
De certa forma travamos nosso maior diálogo até então,
E balancei a cabeça para todo o resto dos questionamentos feitos...
O surpreendente foi no mês seguinte virarmos confidentes musicais!
Com direito a Céu sem Dó, seus acordes dados e com muito Sol maior...
Fomos passadas pelo pré, pós e carnaval, à dança de Tulipa,
Com lembranças e verdades embaçadas de cachaça, vinho e cerveja.
E hoje, minha cara?
Nem nos demos mais o cuidado da cerimônia, dos elogios e das críticas
Não evitamos mais as gargalhadas, o zelo e o carinho disfarçado de escárnio.
Parecemos duas crianças ao som de um cavaquinho e um pandeiro invisível,
Que sempre fica no batuque do corpo, em um cantar desafinado.
E hoje minha cara?
Já nos cantamos no que eu sempre chamo de “teu samba meu, meu samba teu”.
Escrevemos projetos de prosa e poesia,
Presenteaste-me com um quadro torto, uma caixa de giz, um brega francês,
E tantos outros versos que são tão meus quanto teus
Sorteamos dias para que nossas falas se desentendam e terminem em dois perdões.
Mês passado te emprestei barquinho de papel que me deste, lembra?
Aleguei que ele te traria sorte, mas foi para não sair de perto de ti,
Sabia que estavas com medo,
E como eu sempre digo: Confia em mim, se eu tô dizendo vai dar certo!
Mas o quero de volta, viu, tu tens a mania de perder tudo, principalmente as lembranças.
E por falar em lembrança, essa é a primeira vez que te desejo feliz aniversário,
Que te desejo formalmente mais luz nessa vida tua,
Mas sem esquecer, meu bem, que até hoje me deves um café, mesmo sem eu gostar,
Até porque nossa amizade foi engatinhando nas nossas insônias compartilhadas,
Nas nossas belezas emocionais e nas nossas franquezas olfativamente musicais.
domingo, 30 de outubro de 2011
Tempo, tempo, tempo, tempo...
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Eu, tu,ele, nós, vós, eles, tu, nós, eu, de novo, oi?
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
I.I
Só o gosto da fumaça,
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Dois goles
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
17 graus celsius
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Outubros, setembros, carnavais...
sábado, 3 de setembro de 2011
Sim!
Um dia desses eu estava conversando com uma amiga minha sobre a fragilidade da felicidade. Não que seja um estado de espírito pequeno, fraco, mas pelo fato de ser uma tarefa bastante difícil sustenta-la. E minha amiga cantarolou os versos de Vinícius “tristeza não tem fim, felicidade sim”, pois é Seu Moraes, o senhor e seu whisky têm toda a razão.
Eu, particularmente, assumo que não sei lidar com felicidade. Ai, gente, é muito difícil, é ótimo se ter, mas como já disse, pense num negoço difícil é manter. E eu então que tenho um bloqueio na criação de textos terrível quando estou feliz. É tão mais fácil estar triste. Porque quando você está triste você chora, enche a cara, escreve loucamente, se descabela, aluga seus amigos com uma história que se eles se juntarem contam melhor que você com direito a extras, erros de gravação e em idioma diferente. Você come de menos ou de mais, reclama o dia todo, fica olhando pra nada perigando que uma mosca pouse em seu nariz por pensar ser um objeto inanimado, vai para outro plano espiritual e não se concentra em nada.
É decretado o estado de fossa em seu corpo, em sua vida pessoal e principalmente na sua playlist! Você passa horas e horas, dias e dias, ouvindo as mesmas músicas, se brincar você já tem uma pasta em sue computador com essas músicas escolhidas a dedo. Começa com você ouvindo as músicas que lembram a criatura ou a situação, e termina com você apelando pra Maysa, Fagner, Adriana Calcanhotto, Cartola e adentrando a madrugada ouvindo “Sinônimos” de Chitãozinho e Xororó! Seus amigos te dão colo, ouvidos, corpo todo e paciência, principalmente paciência. Isso quando um ou mais de um deles não estão na mesma situação que você.
E quando se estar feliz o que é que a gente faz? Ninguém suporta aquele sorriso de comercial de creme dental o dia todo! No mínimo irão te chamar de abestalhado. E a felicidade é tão frágil que você não sai alugando todo mundo pra contar o motivo pelo qual você está daquele jeito, você conta aos mais íntimos, e para o resto você sai com aquele “sim, tô bem”, dizer que está “ótimo”? JAMAIS! Se alguém diz que queria está como nós estamos, pensamos logo que é olho gordo. Você como normal, dorme normal, bebe normal, ouve as outras pastas de música do computador, ouve “O mundo é o moinho” como quem ouve uma receita de peru de Natal, não dá a mínima.
Cadê a emoção? Cadê o conflito, gente? A sociedade está mais preparada para conviver com pessoas tristes a conviver com pessoas felizes, ser feliz incomoda o vizinho. Temos trezentos argumentos para preferirmos a tristeza, ganhamos mais dengo, há pessoas que até chegam ao peso ideal, mas para que concordar com a maioria justo agora? Eu não sei conviver muito harmonicamente com a felicidade, mas aprendo, sempre fui (e sou) do contra mesmo e meu horóscopo que tire as luas do meu signo e se acostume com minha felicidade.
sábado, 27 de agosto de 2011
Ah... O corpo humano
Ah, o corpo humano! Pense em um quebra-cabeça perfeito. Cada peça no seu lugar. Há quem enxergue como padronização, aquele velho “o que você tem eu também tenho”, ledo engano, meu caro! O corpo humano, não biologicamente falando, é um labirinto de particularidades. Um sinal diferente a já passa a ser a moradia corporal do vizinho.
Há aquelas situações sem finalidade alguma onde nos é perguntado quando parte do corpo preferimos, ou aquela “qual parte do corpo você prefere?”, no outro, claro. E como tudo no ser humano, até as partes do corpo dele se tornam clichê, sempre surge um top 3: boca, olhos e cabelo. Se você disser que é o pé, irão te chamar de doido, se disser nariz, a opinião será até aceitável por uma comissão julgadora altamente especializada, seus amigos! Mas alguém já parou para reparar nos ombros? Seja sincero, pense um bocadinho se já parou para observar com um pouco mais de zelo os ombros. Ótimo, tempo esgotado, senão você não acaba de ler isso aqui... Eu olho, e acho-os uma das partes mais particular no corpo de uma pessoa.
Mas vamos às minhas observações geminianas... Os ombros são a parte mais expressiva do corpo. Os ombros expressam o que os olhos e a boca não conseguem expressar. Os ombros às vezes se sentem tão autônomos que se dão ao luxo de responder o que a fala não consegue enunciar! Os ombros são uma das válvulas de escape do seu estado de espírito, se você fica nervoso eles ficam duros como pedra, vem alguém e diz que você está tenso. Se você está em paz, assobiando, chupando cana e com dinheiro na conta, eles ficam molinhos, molinhos. Se nos alteramos a primeira coisa que fazemos é os levantar. Quando estamos em dúvida eles levantam-se e abaixam-se como sinal de “e eu lá sei” ( o famoso ‘sei lá’). Quando ficamos tímidos eles servem como esconderijo de maçãs do rosto rubras e sorrisinho no canto da boca. Quando alguém nos chama eles são cutucados com sinal de “ei”.
Nossos ombros também servem como artefato de sedução. Quem já não se pegou mexendo-os lentamente envolvendo o outro? Algumas músicas despertam seu lado predador utilizando os ombros como um play para o resto do corpo se manifestar, antes até dos olhinhos meio abertos, meio fechados, do risinho do cantinho da boca e do balançar do pescoço! (Dica...Comprovem isso ouvindo Amy Winehouse). Eles também são os privilegiados da alta concentração de massagem, até porque em outras partes do corpo requer lugar específico, servem também para ignorar as pessoas, é só um “dar de ombros” e pronto, como já dizia o escritor de “A menina que roubava livros” que eu nunca sei dizer ou escrever o nome da criatura!
E por fim, os ombros são um lugar de consolo, e pra mim em particular, um lugar de carinho. De consolo é aquele já conhecido “encosta tua cabecinha no meu ombro e chora”, mas não serve só pra explorar o outro com lamúrias, serve como lugar para cochilos, lugar para passar fila ao colega da frente, lugar para encostar o queixo e ficar parecendo meu cachorro pedindo algo. E de carinho, é uma mania que eu tenho e outras pessoas com quem convivo, a mania de beijá-los. Sim, acho mais carinhoso que beijar as bochechas, ou a testa. É tão mais fácil abraçar e dar um beijo no ombro a se contorcer todo só para dar um beijo no rosto. Ou quando seu amigo(a), namorado(a), mãe, pai está ao lado, você dá aquele beijinho no ombro e dá um risinho meio tímido que deixa o cidadão besta. Então beijemos, massageemos, ignoremos, suspiremos com os ombros! Afinal, os olhos e a boca já estão ocupados com otras cositas más!
domingo, 14 de agosto de 2011
Onde esconderam o amor - Parte final
(...) De tanta angústia ela resolveu deixar a linha caminhar com as próprias pernas, não trocava um “boa noite” sequer. Até que chegou um dia que ela pegou um pedaço de giz da mãe, subiu no ponto mais alto da árvore, amarrou um lençol em uma estrela, deu um nó que nem um raio soltaria. Ela estava tão transtornada, tão transtornada, porque a linha estava sumindo, estava se apagando e aquele caos estelar estava por se instaurar, e ela não queria deixar que as paixões deixassem de existir, se negava a acreditar que as pessoas se recusavam a apaixonarem-se.
Naquele momento ela estava decidida a pintar de giz o céu inteiro para fazer uma circunferência, agora inteira, e que todos os amantes do mundo olhariam aquela bola branca com admiração e renovariam seu amor. Então ela fez apenas uma pequena circunferência e dentro dessa circunferência escreveu, ainda com o giz branco, uma pequena palavra. E aquela atitude foi tão inesperada que não só a cidade, mas cidades vizinhas, países vizinhos, as pessoas observavam uma menina pendurada nas estrelas tentando fazer uma bola branca que nunca saia perfeita. E de repente aquela circunferência mal feita começou a crescer, crescer e crescer, foi na hora em que ela viu que a paz estava instaurada no céu, as estrelas respeitavam aquela bola pintada de giz, todas brilhando na mesma proporção para fazer aquele objeto novo ser admirado pelos apaixonados.
E o que todos viram foi a menina descer por aquele pedaço de pano do céu, correr para a janela desesperada procurando a mãe, correu até a sala, até que a achou e disse: Mãe, mãe, a senhora viu a lua, ops, a linha? A mãe sorriu como de costume, e fez:meu bem, essa sua lua, esse seu ato falho são feito as paixões, jamais programadas, jamais controladas, quando você menos espera, sai, acontece.
Os olhos de criança da menina brilharam, tanto quanto a própria linha que acabara de ser batizada como lua, e ela disse: Lua, lua dos namorados, lua dos amantes, lua dos apaixonados, lua cheia, lua vazia, lua que parece linha, que indecisão, meu Deus, é melhor deixar só lua! Prazer em conhecer-te, eu sei que estás no ponto mais alto dos sentimentos, estás na vista dos amantes, mas olha, eu desenhei dentro de ti uma palavra que nem todos irão enxergar, que nem todos entenderão, então, lua me promete que esta palavra não virará uma mera palavra? Dai a lua respondeu: mas que danado de nome é esse, minha menina? E qual o problema d’eu a exibir? Então ela sentou, fechou os olhos e disse suas últimas palavras antes da lua desaparecer e dar lugar ao sol: Escrevi amor em teu interior, mas nem todos conseguirão projetar este amor nos olhos e enxergá-lo em ti, pois o amor, lua, nem todos têm tempo e vontade de vê-lo, e muito menos realiza-lo. Pois há quem o desdenhe, há quem se negue compartilhá-lo, então, lua, só mostre o amor a quem ainda sonha, mostre amor aos que tem medo de amar e ainda assim amam, aos que nem sabem o que é o amor.
E dizem por ai que foi assim que criaram a lua, e por isso esconderam tão longe o amor.
sábado, 13 de agosto de 2011
Onde esconderam o amor - Parte I
Sabe essas histórias que a gente ouve e fica na cabeça a semana toda, feito música ruim, fica martelando, martelando e você conta a um, a outro e a bendita não sai da cabeça? Um dia desses, que eu nunca lembro quando me contam as coisas, ouvi meio sem querer uma dessas lendas de como certas coisas foram criadas, já tinha escutado de tudo, mas essa história, sinceramente, deixou esse ser humano aqui tão encantado que eu cheguei a sonhar com a situação e imaginando o rosto da protagonista, mas sem mais dois pra cá, dois pra lá, irei direto a história...
É mais ou menos assim... Dizem que lá pras bandas desses lugares rodeados de mato e muito mosquito nasceu uma menina. Uma linda menina que apesar ter se tornado uma linda moça ainda conservava aqueles olhos de criança, olhos risonhos, olhos que não decidiam se apareciam escuros ou claros. E neste lugar, que não me recordo o nome, os dias eram lindos, criança correndo pelos campos, velhinhas vigiando seus pés de fruta, que não usufruíam, mas nunca deixavam que ninguém colhesse uma manga sequer. Mas as noites eram um mistério, era uma escuridão sem tamanho, no céu só se via pequenos espaços que escapavam luzes.
Com o decorrer do crescimento dessa menina o céu ia ficando cada vez mais lotado dessas luzes, era uma concorrência incrível e ninguém para controlar aquele engarrafamento de luzes. Por volta de seus 10, 11 anos a menina começou a questionar-se sobre aquela bagunça que se tornara o céu. Até que sua mãe disse que aquelas luzes descontroladas se chamavam “estrelas”, e ela questionou a mãe o motivo daquela desorganização, a mãe riu e disse que elas brigavam para ver quem era mais admirada pelos namorados aqui da terra, e nesse dia a menina aprendeu duas palavras: estrelas, e a mais complicada, namorados.
Quando a menina chegou aos seus 18 anos o céu estava cada vez mais caótico, as estrelas se espremiam e ela pensava, “será possível que existem tantos namorados para o céu tá numa bagunça dessas?”. E enquanto o céu estava tão cheio de estrelas, dentro dela dava para ouvir o silêncio, a ela faltava algo, faltava-lhe companhia, tinha sua mãe e mais ninguém, mas não bastava. Então em meio a um sonho ela viu uma bola branca, no meio de toda aquela confusão estelar. Acordou-se e passou o dia, ansiosa para que a noite batesse logo a porta, e quando a noite bateu ela correu para fora, pegou um pedaço de tijolo, subiu em uma árvore e começou a desenhar entre as estrelas, circunferências estranhas, que nunca chegavam a ser realmente uma circunferência. A primeira noite foi frustrante, as estrelas a empurrara e ela quase cai da árvore, mas na segunda ela foi persistente, conseguiu fazer uma meia circunferência, mas o sono não deixou que ela completasse e no outro dia as estrelas mal a deixavam subir na árvore, então ela passou um período só conversando com aquela meia circunferência até perceber que ela estava crescendo.
Ai a menina perguntou “ô linha, porque cê tá crescendo tanto? Eu nem terminei de te desenhar!” E a “linha” disse que eram as paixões, o amor, quanto mais pessoas se apaixonassem, amassem, mais ela cresceria instintivamente, pois os amantes tem mania em olhar o céu, e aquele traço que aparecera tão recentemente no céu os chamava a atenção, e quanto mais atenção mais a linha cresce. Foi então que ela percebeu que amar, estar apaixonada era uma coisa boa, e que além da linha crescer, o vazio no peito diminuía, e ela questionou-se “como ainda tem gente que nega se apaixonar?”. E por meses e meses viu aquela linha encher-se de brilho, e depois de um tempo aquela linha servia como um percentual de pessoas apaixonadas. Desde essa descoberta do lado bom das paixões seu coração ao invés do vazio, começava a ficar apertado, era tanto sentimento, tanto amor, tanto afeto com necessidade de ser compartilhado que a menina cada dia que passava ficava mais angustiada...
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
Feliz cidade
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Homem de lata? RÁ! A tendência é ser wi fi!
Sabe aquela história de que você convive tanto com uma pessoa que acaba por adquirir as manias, características, gestos, modo de falar, e otras cositas más. Procede. Procede inclusive com o ser humano e os objetos, a casa parece com o proprietário ou morador, o violão tem o jeitão de quem o toca, certas roupas já tem a cara de quem a veste, e assim continua esse dois pra cá, dois pra lá. Mas já reparou essas pesquisas que são divulgadas pela mídia? Àquelas pesquisas que medem o nível de dependência eletrônica das pessoas? Pois bem, o ser humano está a cada dia que passa mais parecido com seus dispositivos eletrônicos, mas não conseguem chegar ao patamar da praticidade que esses objetos alcançam.
A questão é simples, ao contrário do ser humano, esse objetos não optam por serem deficientes de sensações, eles só obedecem aos comandos e não fazem nada além do que está em seu manual de instrução. Eles não optam a não pensar no próximo, afinal, eles foram criados com a finalidade de ser canal de interação do ser humano com outros seres humanos e não para interagirem com o ser humano. Mas voltando... O propósito desta minha observação é alarmar esta contaminação de pessoas tão semelhantes a aparelhos eletrônicos, crianças robôs (Lembram-se de Maísa? Um dia vocês me darão razão), moças, rapazes, todos robôs. O caso é sério, tem pessoas que se balançarmos dar pra ser ouvido o barulhinho das peças caindo, porque além de serem robôs ainda tem peças fora do lugar. Há aquele tipo de ser humano computador, que não dá para travar nenhum diálogo que não seja on line, porque on line não corre o risco de você querer pular no pescoço do cidadão de tanta tolice que ele consegue reproduzir.
Mas o caso mais grave é o autêntico robozinho/humano, “humano” é usado só por conveniência, para não esquecer que ali jaz uma pessoa. Este caso é típico, e modéstia parte daqui uns dias eu estou dando consultoria, é o simples fato das pessoas esquecerem que são pessoas, e o principal, esquecem que as outras pessoas também são pessoas e podem não parecer tanto com seus aparelhos eletrônicos! Os sintomas não são perceptíveis no início, até a primeira discussão, você baixa um ginasta, dá piruetas, saltos, abre escala, descabela-se, e a criatura continua sentada, parada como se você lhe tivesse oferecido uma xícara de chá, e no final de toda sua performance ela diz a você que não sabe o que dizer. Ai você senta e chora, porque além de robô, é um robô mudo que não consegue construir um mero enunciado.
O pior nessa espécie são as pecinhas que faltam no peito, peças que foram tiradas do lugar anteriormente e eles não quiseram coloca-las de volta ao lugar, ou peças que ali nunca estiveram, é alarmante, pois esta espécie é deficiente de coração, de sentimentos, de qualquer coisa que haja interação entre você e ela. Você procura de todas as formas humanizar aquele ser humano, fazê-lo sentir, fazê-lo demonstrar nem que seja raiva, mas não, esforço em vão. Além de se negarem a sentir, a ter afeto por outras pessoas, acabam plantando uma sementinha dessa parte robô que o cabe no coração de quem tenta fazer com que ele lembre que são humanos. Vocês estão vendo como ocorre a reprodução da espécie, floresce no coração, o sufoca até o cidadão coloca-lo da boca pra fora junto com algumas palavras sem finalidade, e o joga na primeira lata de lixo que encontrar, e assim nasce esta legião de robozinhos deficientes de sentimento e afeto.
E contra toda essa legião há uma minoria que tem paixão saltando aos olhos, afeto em cada dente a mostra nos sorrisos desfilados, tem beijo e cheiro em cada abraço, tem carinho nos gestos mais simples, tem pulsar nos cabelos assanhados, vivacidade até no ato de chorar, chorar de dor, de tanto rir, chorar de amor, no amor, por amor, e como diz Drummond, tem amor, muito amor batendo na aorta. Então... O ministério da saúde adverte: Deficiência de sentimentos acarreta o aumento de robô entre nós, em caso de suspeita de ausência de coração corra!
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Receita
Aos capazes, cultivai a felicidade
Aos felizes, aproveitai a vida
À felicidade... Apresentai toda dualidade presente na vida
Aos cansados, que sejam apresentados ao viver
Aos olhos, que sejam honestos com o que dilatam
À insensatez, os piores goles de realidade
Ao sentimento, o sentimento
Ao erro, cometei e aguentai a consciência
Aos desejos, a consequência do erro seguinte
À verdade, a verdade
À mentira, a culpa
Ao pensamento, os olhos abertos e a boca fechada
Ao arrependimento, o autoconhecimento
Ao perdão, que seja feito e não dito
Ao que interessa, o que vale a pena
Aos ébrios, as verdades largadas em um cálice de vinho
Aos sóbrios, uma vergonha estampada no rosto
Ao medo, o medo de desvendar o próximo
À coragem, a minha admiração
À tristeza, que seja apresentado os amigos
A ti, esta receita confusa de vida,
Este ressentimento recém chegado,
Este ser humano ainda em aprendizagem.
sábado, 16 de julho de 2011
Quatro minutos
Sentou-se
Retirou-os
Na tela da vida, o esboço
O cigarro do bolso
Tocou-os
Nas pontas dos pés
Nas pontas dos dedos
Pensou, mais quatro minutos
Sussurrou
Sem um vestígio de saliva
Aspirou
O sonho
O futuro
E se passaram mais quatro minutos
Fogo
Calor
Afago
Não!
Fogo, mas sem mais queimaduras
Acendeu
A luz
O cigarro
Ascendeu
Nos gestos
Mais um, dois, três cigarros
Mas não traga
Fecha as cortinas dos olhos
E traga
As palavras
O cardápio de amores impossíveis
O preço a pagar
Traga o cigarro
Deixa-se cinza
Deixa tudo cinza
Esfumaça
A fumaça
Tudo turva
Ouve-se trovadores
Não, são trovões
Enquanto isso ela traga
Traz
Atrás
Atrai
A fumaça
O vício que sai da sua boca
A boca que deixara de ser seu vício
Escolhe uma música, tocou Cigarro¹
Traga mais uma vez o vinho
Traga a vida no canto da boca
Traga o sorriso das noites passadas
Cumpra o trato
No último trago
Desfaça o traço
E disse: Disfarça, a tua felicidade eu traço
Disse aos pulmões cobertos de névoa cinza
As cinzas faziam o chão de lembranças
Traga um cinzeiro
Leva! Revela! Releva
Traga o cigarro
Vai até a porta quatro vezes
Esperava um barco a vela
Ou um balão de quatro cores
Levantou-se e repetiu quatro vezes
Traga amor, traga amor, traga amor, traga amor
Mas o que lhe trouxeram foi mais uma paixão e uma noite só
Então traga a conta
Então entregou os pontos
Descruza as pernas
Dois goles de vinho
Traga o cigarro e lembra...
“Tô fumando o cigarro da saudade”²
Foi só o que trouxe
Levaram tudo: amor, livros, filmes franceses
Traga uma, duas, três estrelas, traga o amor
Joga as cinzas dele no chão
Levantou-se!Por favor, traga a conta.
E entrou no seu barco sem velas, só cigarro.
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Ser, deixar ser, ser humano
Acho interessante o discurso que as pessoas trazem consigo, e como elas próprias dizem “em pleno século XXI”. Eu particularmente acho que a discrepância começa por ai, falar o século em que vivemos e não vivermos o século em que vivemos. Pois bem, em pleno século XXI parte da sociedade ainda vivem em alicerces de séculos passados, com valores e falso pudores ainda arraigados do fio da cabeça até o dedo mindinho do pé esquerdo. Além de pregarem o bíblico discurso do “livre arbítrio” erroneamente, como de praxe. O tal do livre arbítrio não requer inúmeras interpretações, longe disso, é apenas ter consciência de si, de suas escolhas e das consequências delas. Não existe o “depende” ou “meio livre arbítrio”. Se você de fato aceitar que o livre arbítrio não é exclusividade sua e que as escolhas de outrem não “dependem” da sua opinião você irá, de fato, estar vivendo o livre arbítrio. Nada relacionado a outras pessoas, por mais próximas a você que elas sejam, depende do que você considera aceitável ou não aceitável. A vida do próximo não é variação linguística ou roupa que classificamos como adequado ou inadequado.
Não me refiro a formas de vidas criminais, assassinos, traficantes, sequestradores. Refiro-me ao individualismo na hora de ser individualista. Ser democrático além do discurso. Grande parte do problema da “naturalização” do outro está no discurso. Um dia desses estava vendo “Profissão repórter” e em meio a uma caminhada, três ou quatro pessoas se pronunciaram com relação a um dado assunto como seguinte discurso: “nós os amamos muito, aceitamos, mas não concordamos com o comportamento deles, e se eles quisessem a salvação se juntariam a nós.” Como se ama, aceita, não concorda e oferece uma linear salvação e menos de um minuto de discurso? O individualismo a que me refiro não é atrelado ao egoísmo, mas a ser humano o suficiente para reconhecer o outro não precisa que você se comporte como uma cartilha de boas escolhas e maneiras para com ele. Esse individualismo é perceber que da mesma forma que você tem uma vida o outro também tem, ou seja, cada um que tem uma vida, uma oportunidade de ser feliz.
Há quem se orgulhe em dizer que aceita as diferenças do outro, mas que diferenças são essas? Ser deficiente físico, ser negro, homossexual, ser altista, não ter pais, ter tatuagens, piercings? Todas essas “diferenças” acabam em um ponto em comum, todos são seres humanos, e como todo e qualquer ser humano difere de todos os outros, nenhum homem é igual a nenhum outro homem. Portanto, essas “diferenças”, em tese, seriam equivalentes ao fato de eu não gostar de chocolate e meu melhor amigo adorar chocolate.
A questão não é tolerar, aliás, tolerar é uma das palavras mais sobrecarregada de maus sentimentos, em minha opinião. Tolerar é ser forçado a aceitar o semelhante em sua diferença, quando essa diferença é inexistente. Ninguém é obrigado a aceitar as escolhas do outro, muito menos de apoiar, mas de perceber que as escolhas foram feitas pelo outro, para a vida do outro e as consequências irão para o outro, não para sua vida.
Eis a linha fluorescente que existe entre você e o próximo, a vida dele não é a sua e muitas vezes por você não enxergar isso acaba por não deixar o outro ser feliz na sua singularidade. Passamos a vida correndo atrás de uma coisinha chamada felicidade e quando em alguns momentos a encontramos do nosso jeito, paramos de nos sentir humanos para nos sentirmos felizes, e por que não deixarmos que outras pessoas encontre no seu próprio caminhar o estado de felicidade? Nenhum ser humano é especial, nenhum ser humano é igual, mas uma coisa é certa, ninguém tem que esconder sua própria felicidade porque o outro não tem coragem suficiente para se deixar ser feliz. É como já canta Jeneci: "Felicidade é só questão de ser!"