segunda-feira, 10 de setembro de 2012

E calcinamos...

       
       Aposentei um livro ao aposentar um amor. E hoje, ontem, não sei, já passou da meia-noite, me deu vontade de ler. Lê-lo depois de meses e meses de tantas coisas. Em Manhã, Meio Dia, Tarde e noite, encontrei grifos, rabiscos, todos quebrando a harmonia dos sonetos, fazendo-me observar dois, três versos, no máximo. Li de baixo para cima, preenchendo lacunas, deixando-as abertas, deixando-as com as deixei, sabe lá como as deixei. Dos cem sonetos tenho alguns decorados, alguns versos, algumas palavras, não deste, do sem dedicatória, presente de meu pai, bem, tenho dois exemplares. Involuntária ou não, essa vontade de ler este, exatamente este, dá-me certezas, alegrias e o sentimento de nada. É, o sentimento de nada. As coisas, as findas, inacabadas, largadas, todas estas apagaram-se, nem poeira, nem pó, apagaram-se, reduziram-se ao nada. Todas elas, uma a uma. Restou apenas um pedido por extenso e rabiscos na manhã, meio dia, tarde e noite, não minhas, mas em Neruda. Ah, e só hoje procurei saber o que é "calcinar", e quer saber? Acho que calcinamos, não só o Outono.