E é assim que vai ser agora, seu moço?
Depois de encontrar o mar criarás tendência a viver submerso? Sufocado?
Bernardo? Ei, Bernardo? Cê tá bem? Cê tá vivo, é... De verdade?
Acho que engoliste água demais,
Acho que engoliste água salgada demais, bebeste vinho demais
E tuas lágrimas já têm gosto de coisa amarga, nem de sal, nem de vinho...
Tu, Bernardo, ficaste tu e o mar em um mesmo nível,
Foram-se marés e conchas machucando todo o corpo
Teu peito, olhos e água viva, era um só, queimava, tinha cheiro de pólvora
Não te tornas elefante, assim nunca te tornarás peixe
Peixe de água doce, peixe igual a pássaro, menino do banho de chuva
Bernardo? Ei, Bernardo, lava teu peito, desmancha o sal,
Tira o vermelho dos olhos, faz as pazes com teu mar,
Faz as pazes com o amor e volta a ser maré baixa
Bernardo? Ei, Bernardo, acredita no teu bem,
Acredita no mar invadiu os olhos ao te ver afogar em sal,
Ao te ver sublimado em nada.
Com carinho, a Elilson Duarte.