sábado, 16 de fevereiro de 2013

Procura-se


Procura-se pessoas...
Que gostem de livros
Que te mandam fazer um livros
Que gostem de cheirar livros e sorrir depois de cheirá-los
Procura-se pessoas...
Que peçam livros emprestados
Que cuidem dos seus livros
Que os devolva com seu cheiro na capa
Procura-se pessoas...
Que comprem livros pela capa
Que comprem livros sem capa
Que amem livros de capa dura
Procura-se pessoas...
Que leem livros inteiros
Que leem tirinhas
Que amem ilustrações
Procura-se pessoas...
Que tatuem hai cais
Que leem poesia concreta
Que amem Mafalda e Peanuts
Procura-se pessoas:
que aprendam nos livros a amarem pessoas.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O corpo e Víbora


Pós carnaval, com as ideias (des)organizadas, sem voz e uma música responsável por tudo isso. Primeiramente devo dizer que em 20 anos poucas vezes vi alguém ter tanta presença de palco como Tulipa Ruiz. Senti arrepio, energia, falta de ar, tudo! E principalmente um sorrir, que eu já não sabia se era de dentro para fora ou de fora para dentro, o corpo todo sorria, tremia e agradecia. Mas, indo direto ao ponto, estabeleci uma relação bastante estranha, porém, justificável, com a penúltima música do "Tudo tanto", desde o a guitarra e o contrabaixo, do início, ao silêncio exausto do último verso. "Víbora". É impossível não dar atenção à essa música. É impossível não gritar. É impossível ficar estável ao ouvir. E ao vivo, com direito a agudos maravilhosos, performance corporal, iluminação. Até o vento do cais da alfândega parou de bater, fez silêncio, só para ouvi-la. É uma gradação de sentimento que vai e vem no refrão, pausa nos outros versos! Senti o corpo formigar todo, a cabeça latejar, e o refrão, que eu sempre erro quando cantarolo em casa, saiu sem uma respiração sequer pra atrapalhar, todo, jogado, atirado, com uma sensação de alívio, um pulsar que parecia que o coração ia sair pela boca e se jogar no rio! A cada segundo de música que se passava os instrumento iam, um a um, concentrando-se em uma parte do meu corpo, cada um em seu (in)devido lugar. E o agudo. A voz, "A" voz, sentia em meu estômago, na pele, no sangue e nos nervos, acima de tudo no estômago! 10/02/2013: a primeira vez em que ouvi uma música pelo estômago.