terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Copo de lua


Um copo
Vem alguém e enche
Lua cheia.
Alguns goles dados
De cima pra baixo ou de baixo pra cima
Lua minguante, Lua crescente.
Vem alguém e derrama o copo
Copo vazio, Lua nova.
E sem ninguém precisar chorar
Pela Lua ou pelo leite
O copo é cheio novamente.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Seis



Meu bem...
Meu bem tem cheiro de fruta recém acordada
Meu bem tem cheiro de morango, de manhã e à tarde
Meu bem tem cheiro de menta quando encosta o queixo no meu ombro para dormir
Meu bem tem cheiro e gosto doce
Meu bem tem cheiro de sol fresco, de chuva de madrugada
Meu bem, ah, meu bem...
Me beija com boca de hortelã  como o bem de Chico...
Meu caro... Meu bem tem cheiro de morango, de menta e de conchinha.



quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nicolah e o palhaço gaguejado



(...) 
E Nicolah assustado, pressionando a bolsa contra o peito, apressou os passos...
Tinha mania de contá-los, sempre, da escola até a casa - Ao todo? Nunca se sabe, nunca se soube, mas se sabia que Nicolah anotava tudo em seu caderninho com capa de couro azul, quase preto, ou preto, quase azul, era outro mistério da discrição do menino.
Era sexta-feira. Mês de fevereiro. Fim de tarde, e Nicolah, quase correndo, invade a sala. Invade a cozinha e, sem lavar as mãos, fala com a mãe - em um misto de respiração, gagueira e a inquietação:


- Mãe, mãe, mããe! Ali na... na... na esquina, um paa...palhaço
- O que tem o palhaço, meu filho? Respira e fala direito, menino, lava essas mãos!
- Um não, um monte, um bocado, de... palhaa... palhaço, tudo junto, tudoo...
(Sentou, pegou um cadeira, não se aguentava em pé)
- Fala logo, menino! E lava essa mão, sabe lá o que pegou no meio da rua!
- Eles tavam chorando, mãe, chorando, todos - recuperou o fôlego e não gaguejou mais - E sabe que mais?
- Sim... (Guardando os pratos do almoço recém lavados)
- Pela conversa disseram que a culpada era uma mulher, uma mulher, mãe! Uma tal de Col.. Colom... Colombina!
(A mãe sorriu, guardou o último garfo no armário e puxando o menino para lavar as mãos disse)
- Quando terminar de lavar as mãos toma um banho, que o Pierrot perdeu a Colombina para o Arlequim porque o Arlequim lavava as mãos quando chegava da rua! E é carnaval, meu amor e, não esquece da toalha!


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A grama do vizinho, nem sempre, é mais verde que a sua


Sabe aqueles ditados que passamos a vida ouvindo e, o pior, repetindo a cada situação que requer o automatismo da reprodução?! Pois bem... Em um momento, contrário a esse, questionei-me acerca de um desses ditados infames, o do vez foi, parafraseando,"a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa". Bem, acredito eu que seria extremamente cabível a réplica deste! Prometo que serei breve em minhas elucubrações! 

E quando vemos que a grama do vizinho não é tão verde assim? Que está seca? Esburacada? Sem trato algum? Momento em que achamos que temos quase que um jardim do Éden em nossas residências. Sim, a partir desse momento, a praga que afetou a grama do vizinho jamais afetará a nossa grama, afinal, o "problema" de outrem não nos diz respeito e de forma alguma nos afetará, são 'problemas' exclusivos, nossa grama é perfeita! 

A epopeia, novela mexicana, dramalhão japonês inicia quando percebemos que a praga que afetou a grama do vizinho também afetou a nossa. O sinais começam a aparecer, e os ignoramos! Um buraco aqui, um buraco lá... E a grama vai ficando mais seca, mas não admitimos que, de forma alguma, nossa grama tem problemas, que devemos agir da mesma forma, ou melhor, que agimos ao ajudar o vizinho a recuperar sua grama! Porque ajudamos, lemos sobre o "problema", damos números de telefones de jardineiros, de pessoas que trabalham com planta. Compreendemos o que aflige o vizinho, a grama do seu jardim, claro. 

Mas como estava dizendo, quando nossa grama seca é um Deus nos acuda. Não, é inadmissível  que isso aconteça em nossa própria casa. Como assim? Cuidamos tão bem de nossas plantas, do melhor adubo a evitar que estranhos pisassem em nossa grama. Demos do bom e do melhor! Não, alguém deve ter jogado uma erva daninha, só pode! E quando enfim aceitamos que a nossa grama também pode secar, ser devorada por formigas que surgem do nada, é bom que saibamos recuperar o que cultivamos, é bom que saibamos cuidar mais ainda do que já cuidávamos antes, agora com mais carinho, mais atenção, porque não  é que a grama do vizinho seja mais verde que a sua, é que a sua grama e a do vizinho, apesar de estarem em casas diferentes, continuam grama, independente do cuidado que sem tem com ela, continua grama. 

ps: eu prometo cuidar.