sábado, 13 de agosto de 2011

Onde esconderam o amor - Parte I



Sabe essas histórias que a gente ouve e fica na cabeça a semana toda, feito música ruim, fica martelando, martelando e você conta a um, a outro e a bendita não sai da cabeça? Um dia desses, que eu nunca lembro quando me contam as coisas, ouvi meio sem querer uma dessas lendas de como certas coisas foram criadas, já tinha escutado de tudo, mas essa história, sinceramente, deixou esse ser humano aqui tão encantado que eu cheguei a sonhar com a situação e imaginando o rosto da protagonista, mas sem mais dois pra cá, dois pra lá, irei direto a história...

É mais ou menos assim... Dizem que lá pras bandas desses lugares rodeados de mato e muito mosquito nasceu uma menina. Uma linda menina que apesar ter se tornado uma linda moça ainda conservava aqueles olhos de criança, olhos risonhos, olhos que não decidiam se apareciam escuros ou claros. E neste lugar, que não me recordo o nome, os dias eram lindos, criança correndo pelos campos, velhinhas vigiando seus pés de fruta, que não usufruíam, mas nunca deixavam que ninguém colhesse uma manga sequer. Mas as noites eram um mistério, era uma escuridão sem tamanho, no céu só se via pequenos espaços que escapavam luzes.

Com o decorrer do crescimento dessa menina o céu ia ficando cada vez mais lotado dessas luzes, era uma concorrência incrível e ninguém para controlar aquele engarrafamento de luzes. Por volta de seus 10, 11 anos a menina começou a questionar-se sobre aquela bagunça que se tornara o céu. Até que sua mãe disse que aquelas luzes descontroladas se chamavam “estrelas”, e ela questionou a mãe o motivo daquela desorganização, a mãe riu e disse que elas brigavam para ver quem era mais admirada pelos namorados aqui da terra, e nesse dia a menina aprendeu duas palavras: estrelas, e a mais complicada, namorados.

Quando a menina chegou aos seus 18 anos o céu estava cada vez mais caótico, as estrelas se espremiam e ela pensava, “será possível que existem tantos namorados para o céu tá numa bagunça dessas?”. E enquanto o céu estava tão cheio de estrelas, dentro dela dava para ouvir o silêncio, a ela faltava algo, faltava-lhe companhia, tinha sua mãe e mais ninguém, mas não bastava. Então em meio a um sonho ela viu uma bola branca, no meio de toda aquela confusão estelar. Acordou-se e passou o dia, ansiosa para que a noite batesse logo a porta, e quando a noite bateu ela correu para fora, pegou um pedaço de tijolo, subiu em uma árvore e começou a desenhar entre as estrelas, circunferências estranhas, que nunca chegavam a ser realmente uma circunferência. A primeira noite foi frustrante, as estrelas a empurrara e ela quase cai da árvore, mas na segunda ela foi persistente, conseguiu fazer uma meia circunferência, mas o sono não deixou que ela completasse e no outro dia as estrelas mal a deixavam subir na árvore, então ela passou um período só conversando com aquela meia circunferência até perceber que ela estava crescendo.

Ai a menina perguntou “ô linha, porque cê tá crescendo tanto? Eu nem terminei de te desenhar!” E a “linha” disse que eram as paixões, o amor, quanto mais pessoas se apaixonassem, amassem, mais ela cresceria instintivamente, pois os amantes tem mania em olhar o céu, e aquele traço que aparecera tão recentemente no céu os chamava a atenção, e quanto mais atenção mais a linha cresce. Foi então que ela percebeu que amar, estar apaixonada era uma coisa boa, e que além da linha crescer, o vazio no peito diminuía, e ela questionou-se “como ainda tem gente que nega se apaixonar?”. E por meses e meses viu aquela linha encher-se de brilho, e depois de um tempo aquela linha servia como um percentual de pessoas apaixonadas. Desde essa descoberta do lado bom das paixões seu coração ao invés do vazio, começava a ficar apertado, era tanto sentimento, tanto amor, tanto afeto com necessidade de ser compartilhado que a menina cada dia que passava ficava mais angustiada...

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