sábado, 31 de março de 2012

Desmistificando letras musicais de auto ajuda


Um dia desses voltando pra casa da aula, ouvindo uma certa música, com o estado de espírito não muito bondoso... Fiquei pensando: "Quanta mentira em uma letra só!". Pois bem, as músicas já foram mais honestas conosco, e digo mais, as músicas mais realista são mais desvalorizadas! Sendo direta... Ninguém em sã consciência diz que quer que o outro seja feliz com outra pessoa quando acaba de levar um pé no traseiro! Começa ai a bagunça! Olhe, sendo muito sincera, e diante da minha pequena grande experiência... A gente deseja tudo, menos a felicidade do outro com uma terceira pessoa. 

Primeiro, adquirimos (ou acentuamos) nossa tendência terrorista de querer matar e soltar bombas! Segundo, educação tem limite! Terceiro, guardar raiva antecipa problemas de saúde! Quarto, rodar a baiana à prestação é má administração do tempo!
Sejamos sinceros, aprendemos via tabefes da vida, não adianta outrem usar a filosofia do decapitar e depois colar a cabeça com super bond não, gente! Essa história de "Quero ver você maior, meu bem" tá com nada! Mas esse discurso do "quero que você seja feliz" só não é mais deprimente do que o "vamos ser apenas amigos"... Amigo de, enfim... Amigo que é amigo é estupidamente sincero, se tá feio tá feio, se não tá legal, não tá legal, porque é melhor deixar o eufemismo pra Literatura! Então, não peça a ninguém pra ser seu amigo "pós pé na bunda", porque não sei se alguém já percebeu que ninguém pede para ser amigo de ninguém, ou alguém já chegou para você e fez: "Oi, a gente pode ser amigo?", faça-me o favor! Não, não queremos ser seu amigo, não queremos dar conselhos amorosos para você para com sua próxima vítima! É simples, não queira laços frouxos, amigo não tem censura nas conversas, não faz a energia do lugar ficar mais pesada que três elefantes em uma balança. E, o mais importante, não insistam nada, deixem o pobre flagelado se recompor em paz. 

Ah, a música que eu estava a ouvir é muito madura para finais de relacionamentos, até demais, fins de relacionamento são tudo... Menos maduros! Têm umas piores, bem autossuficientes que nunca teem lugar na sua playlist de fossa, porque música feita pra fim de relacionamento é aquela que te bate até dizer basta e você pegar no sono! E outra, esses concelhos pós pé na bunda, se fossem bom teriam funcionado enquanto você estivesse no relacionamento com a pessoa, se não funcionou enquanto estavam juntos porquê iriam funcionar agora? Ah, façam-me o favor, novamente! Para se recuperar de "fins" não tem bula, apenas clichês: tempo, comida, amigos, enfim... O que você procura para estar/ficar bem. Sabe aquelas placas "Cuidado, cão feroz", uma dessas seria ideal para quem não entende que o outro merece, de verdade, encontrar-se com alguma coisa menos efêmera que o relacionamento anterior. Mas para não me alongar mais, em certas horas é melhor mandar ir pra o inferno a dizer que quer o melhor de corações, pois coração é algo muito íntimo a perspectiva. Não queira que o outro seja feliz, permita que ele o seja por conta própria.

ps: A música postada não foi a que eu estava a ouvir no momento de devaneio (pseudo)literário



domingo, 25 de março de 2012

Pequeno dicionário de (in)verdade gráfica



O acento circunflexo é guarda-chuva de letra em tempo fechado
A crase é um feminista declarado, mas que no final das contas têm suas controvérsias
O trema é aquele presente de tia que ela percebe que você nunca usa e parar de te presentear
O til é a tentativa, frustrada, de alguém que tem cabelo cacheado querer que ele fique liso, vai sempre ondular!
O itálico é a vida desequilibrando, é a palavra embriagada, é quando dizem que "autor bebeu em..."
O negrito é o pretinho básico, o negrito é o grito desentalado
O sublinhado é a palavra impaciente, o famoso "quer que eu desenhe?"
A exclamação é uma ditadora, e aliás, cuidado com a exclamação, não dá pra ser fofo com ela!
As aspas são o paraíso dos plagiadores, o colchão d'água dos "fofoqueiros"
O símbolo de igual é o dicionário, é o "ou seja" em linhas paralelas
O parêntese é o abraço das palavras (e só abraçamos o que mais importa)
A vírgula é a bombinha de ar, não só para asmáticos
O asterisco é a palavra que insiste em aparecer mas não tem poder de ênfase, nem pretinho básico
E o ponto, o ponto é o mais importante... O ponto é o finalizar da palavra e o recomeçar da vida
O ponto é sair da zona de conforto, é ter mais um ideia, o  ponto é, injustamente, batizado de final.






segunda-feira, 19 de março de 2012

Pós vérbio


Já dizia alguém, não do meu tempo:
"Ou fure a bexiga ou deixe-a voar em paz para o limbo."

sexta-feira, 9 de março de 2012

O amor foi comprar cigarro


O amor me deixou a noção do tempo
O amor me deixou filmes
O amor me deixou a dúvida
O amor me deixou marcas efêmeras
O amor me deixou o supérfluo
O amor me deixou livros já lidos
O amor me deixou livros rasgados
O amor me deixou vícios na memória
O amor me deixou o olhar para a lua
O amor me deixou com as palavras confusas
O amor me deixou o nervoso sistema
O amor me deixou o medo do sol
O amor me deixou uma porta sem trinco
O amor me deixou o remetente em branco
O amor me deixou em silêncio por dias
O amor me deixou uma carta sem resposta
O amor me deixou dúzias de carinhos interrompidos
O amor, bem alimentado, me deixou a casa arrumada e saiu sem deixar a chave.


ps: Com licença, João Cabral de Melo Neto.