segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Outubros, setembros, carnavais...


Só faltava uma gota de beleza,
Dois copos d'água,
Um copo para cada corpo
Um corpo que pára o congestionamento de almas
Quatro ondas para cada sonho inacabado
E o trem que sempre sai da estação fazendo-a acordar antes que sinta
Sinta o a flor na pele e o mundo na cor dos olhos dela
Os cílios matinais deixados no travesseiro, salgados, sempre com marcas de dedo
Pedidos espalhados pela cama
Os corpos mexidos e uma xícara de café cru
E as marcas do trem que nunca alcançou em seu pescoço
Marcas sem cicatrizes, marcas pelos caminhos desenhados em suas pernas
Tatuagens de outubros passados, dos setembros futuros do carnavais de março
Então o último pingo de beleza deslizou na boca da sua taça de vinho
Embriagou-se da última safra de felicidade
E na insônia seguinte alcançou o trem, sem indicação de destino
Entrou e repousou os lábios uma, duas, três vezes
Beijou as mãos, a nuca e os olhos do amor.








sábado, 3 de setembro de 2011

Sim!

Um dia desses eu estava conversando com uma amiga minha sobre a fragilidade da felicidade. Não que seja um estado de espírito pequeno, fraco, mas pelo fato de ser uma tarefa bastante difícil sustenta-la. E minha amiga cantarolou os versos de Vinícius “tristeza não tem fim, felicidade sim”, pois é Seu Moraes, o senhor e seu whisky têm toda a razão.

Eu, particularmente, assumo que não sei lidar com felicidade. Ai, gente, é muito difícil, é ótimo se ter, mas como já disse, pense num negoço difícil é manter. E eu então que tenho um bloqueio na criação de textos terrível quando estou feliz. É tão mais fácil estar triste. Porque quando você está triste você chora, enche a cara, escreve loucamente, se descabela, aluga seus amigos com uma história que se eles se juntarem contam melhor que você com direito a extras, erros de gravação e em idioma diferente. Você come de menos ou de mais, reclama o dia todo, fica olhando pra nada perigando que uma mosca pouse em seu nariz por pensar ser um objeto inanimado, vai para outro plano espiritual e não se concentra em nada.

É decretado o estado de fossa em seu corpo, em sua vida pessoal e principalmente na sua playlist! Você passa horas e horas, dias e dias, ouvindo as mesmas músicas, se brincar você já tem uma pasta em sue computador com essas músicas escolhidas a dedo. Começa com você ouvindo as músicas que lembram a criatura ou a situação, e termina com você apelando pra Maysa, Fagner, Adriana Calcanhotto, Cartola e adentrando a madrugada ouvindo “Sinônimos” de Chitãozinho e Xororó! Seus amigos te dão colo, ouvidos, corpo todo e paciência, principalmente paciência. Isso quando um ou mais de um deles não estão na mesma situação que você.

E quando se estar feliz o que é que a gente faz? Ninguém suporta aquele sorriso de comercial de creme dental o dia todo! No mínimo irão te chamar de abestalhado. E a felicidade é tão frágil que você não sai alugando todo mundo pra contar o motivo pelo qual você está daquele jeito, você conta aos mais íntimos, e para o resto você sai com aquele “sim, tô bem”, dizer que está “ótimo”? JAMAIS! Se alguém diz que queria está como nós estamos, pensamos logo que é olho gordo. Você como normal, dorme normal, bebe normal, ouve as outras pastas de música do computador, ouve “O mundo é o moinho” como quem ouve uma receita de peru de Natal, não dá a mínima.

Cadê a emoção? Cadê o conflito, gente? A sociedade está mais preparada para conviver com pessoas tristes a conviver com pessoas felizes, ser feliz incomoda o vizinho. Temos trezentos argumentos para preferirmos a tristeza, ganhamos mais dengo, há pessoas que até chegam ao peso ideal, mas para que concordar com a maioria justo agora? Eu não sei conviver muito harmonicamente com a felicidade, mas aprendo, sempre fui (e sou) do contra mesmo e meu horóscopo que tire as luas do meu signo e se acostume com minha felicidade.