quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Última carta


A carta veio sem assinatura, e por conseguinte, sem remetente. Se não me falhe a memória, nela tinha escrito:


Minha querida,


Onde foste parar? Cadê tua alegria? Cadê teus metros de sorriso?Não te reconheço mais! Já não me escreves mais, já não escreves mais! Todo dia olho para ver se escreveste algo novo, e nada. Não te vejo mais falando de vinho, cigarro, amores mal dormidos, minha querida, já nem te vejo. Será que foste parar na terra dos balões? Em um lugar tão distante que já não avisto tua essência. Cadê tuas bobagens ditas que nos faziam chorar de rir? Já não és a inconstância linda que eu conheci. Estancaste em teu sofrimento. Já não danças, não gargalhas, não levantas a cabeça pra se despedir. O que houve, minha querida? Conta para mim, por favor. Te dou meu colo, meus ombros e meus ouvidos só para te trazeres de volta. De volta aos teus amigos, aos teus verdadeiros amigos. Não quero que te percas mais de ti, muito menos que amadureças da forma que esses tais amadurecem. Cultiva essa tua essência, que mesmo estando distante sei que é só tua, minha querida.

Com saudade.

Duas horas depois percebi que minha alma que estava a gritar essas palavras, que cansada de tanto se esconder sussurrou Quintana em meu ouvido: "Ai que saudade de mim.".

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