segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Colo, carinho e sossego.




No teu colo

Daqui, os teus olhos parecem mais à vontade ,
Menos tristes,
Mais amenos,
Menos trêmulos.
Sei que estou os vendo de baixo para cima
Mas só assim me é permitido enxergá-los
Assim, os dois, deste jeito, sem cortinas
Sem máscaras, sem lunetas
Os dois tímidos, que nem parecem seus.
E quando abro a boca
Para desfilar tolices cheias de segundas intenções
Eles se fecham, risonhos e encabulados
Fazendo-me enxergar duas meia luas
Implorando para que eu pare de falar
Mas não dura, um segundo sequer, e eles se abrem novamente
Denunciam-se, piscam duas vezes, miram os meus olhos
E insinuam-se para que eu continue minhas boas tolices
E quando canso e termino, eles se despem em gargalhadas
Mirando a janela, sempre fechada, passando a mão nos teus,
Nos meus cabelos e antes que eu deslize para algum “mas”,
Mudas de assunto !
Daqui, os teus olhos parecem mais sinceros,
Menos infiéis,
Mais preguiçosos,
Sem armadura .
Daqui, meus olhos fazem, refazem, desfazem planos
Fazem-se sempre os mesmos questionamentos,
E quando me levanto, enxergando tudo horizontalmente,
Olho para as horas presas em meu pulso, ameaça chover,
Desisto de ir embora, faço tua mão de brinquedo e deito no teu colo.

Ágnes S.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Vizinho: Por favor, leia a bula.



Sei que NUNCA é uma palavra bstante radical, mas eu NUNCA tive sorte com vizinhos, e olhe que não tive poucos, viu. Minha mãe tem um espírito meio nômade, alugava uma casa, morava um ano, enjoava, encaixotava tudo e arrastava eu, meu pai e meu irmão pra outro canto, e isso se repetiu até meus 15 anos. Recorde, estamos há 4 anos no mesmo lugar! E acredite, já tive vizinho evangélico alienada que gritava o nome de "Deus, Jeová e afins" toda vez que minha mãe soltava um palavrão.Vizinho que sempre aparecia na minha casa nas horas das refeições. Vizinho que ia pedir grana emprestava dizendo ter sido assaltado, oi?! Se for falar todos os abençoados que me fizeram ter esse pavor da palavra "vizinho", passarei um ano aqui besteirolando. Mas o dos último 4 anos é especial, ele é o conjunto de tudo que você não deseja em alguém que more ao lado da sua casa, então lá vai, a bula dos cidadãos:




- Vizinho




Tipo: Tarja preta.


Contra indicação: Proibido para qualquer ser humano com sanidade o suficiente para se considerar ser humano, para animais de estimação, crianças de colo,ou seja, todo e qualquer ser vivo.


Aconselhável: (Pula essa)
Ação do medicamento: (Respira, tosse...) desperta em você os piores sentimentos possíveis do mundo, sendo os principais: Vontade de ter uma bomba; vontade de ligar pro disk denúncia, desejar que a casa (dele) caia (literalmente); vontade de ter um fuzil daqueles do exército pra acabar de vez com o som que vai até às 7 da manhã; vontade de ser mebro de carteirinha da Alcaida ou de algum terrorista mais próximo; além dos mais simples: vontade de esganar um, matar, raiva que lhe dá dor de cabeça, entre outros. Mas o da bomba é o mais frequente, se um dia surgir uma filial da Alcaida em Recife, já sabem!


Composição: Já liguei pro SAC ( serviço de atendimento ao consumidor) pra reclamar da droga, mas não adianta. Eles não informam os componentes, dizem que é sigilo médico!
Componente ausente: Noção.


Modo de uso: Não use.


Características farmacológicas: Álcool, álcool, álcool e (prefiro não entrar em detalhes dos outros componentes, a tal da ética).


Cuidados de conservação e uso: Não use, só para corroborar.


Conduta em caso de superdose: Compre um livro pra ler na madrugada, faça download de um filme extremamente chato para lhe dar sono, ah, suco de maracujá, jamais, não funciona; se dope de algum outro medicamento, é tiro e queda.


Categoria de risco: Z


Precauções: Mantenha a calma, baixe a monja, medite, crie um ashram em seu interior, faça um lista dos santos que podem lhe ajudar, mentalize que alguém deve estar pior que você, não adianta, mas acho bonito mensagens esperançosas.




"Siga corretamente o modo de NÃO usar, em caso de suspeita de surto seu terapêuta deverá ser consultado, por falor, leia a bula"


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Cafuné sem o dicionário, por favor!




Tenho a mania de olhar no dicionário a palavra central do tema no qual pretendo postar aqui, e sempre acho peculiaridades que me fazem rir bastante, sabe quando você imagina um locutor de rádio (na madrugada), falando coisas piegas, com uma roupa estampada a lá "Agustinho Carrara", mirando os seus olhos e dizendo "Essa é pra você, baby! Cafuné: Fricção vagarosa no couro cabeludo de alguém, com o fim de acariciar, acalmar, etc! Beijo, para você Lurdinha, amor da minha vida (piscadinha)!" Ou pensando bem, parece alguma receita de Ofélia, sim, eu assistia Ofélia com minha mama, apesar de não saber cozinhar nada!

Não, cafuné não é uma receita, cafuné é arte! Até a pronúncia é gostosa, vamos lá, falando lentamente,CA-FU-NÉ! Não é ótimo? É relaxante. É, é! Somos acostumados a recebê-lo mesmo antes de nascermos, quando nossa mãe acaricia a barriga, depois aprendemos a dá-lo, um pouco violentamente, quando mexemos na cabeça de familiares, o famoso puxar cabelo, ainda bebês! Posteriormente ganhamos um animalzinho de estimação e alisamos a cabecinha do mesmo para que ele fique quietinho, dengoso, manhoso! E sabe de uma coisa, na verdade nós é que queríamos estar no lugar daquele bichinho, em certa fase da sua vida, há quem fale "Preciso de um abraço", há quem seja mais radical "Preciso beijar", mas um dia me falaram uma coisa que soou tão bonito, tão sincero, foi um "Preciso dos teus cafunés!". Não, não era UM, era o MEU, sabe? Desde então, sustento a humilde tese de que "cafuné é arte", é único, e como toda arte, nem todos conseguem executá-la, não é simplesmente tacar a mão na cabeça de uma pessoa e começar a "friccionar" como descomeu o dicionário, é fingir que tu sabes como é a textura da nuvem, e ir tocando, tocando, mexendo nos cabelos da outra pessoa até ver que teus dedos nada mais são que leves pegadas nas nuvens que tu acaricias, porra de fricção, pronto falei! É saber exatamente qual sensação tu queres causar com aquele carinho, é saber usa além dos cabelos, o pescoço e o rosto, é harmonizar área por área da cabeça, uma por uma. Mas como saber que você tá tendo êxito? Tenta tirar a mão por um minuto pra ver o que acontece! Não testou tentando ensinar a melhor forma de fazer ou deixar de fazer, porque como toda arte, é pessoal, com traços únicos que metamorfoseam-se de artista para artista, estou apenas tentando descrever, se é que é possível! Acredite, acredite mesmo, muitas pessoas já encostaram a mão na minha cabeça dizendo saber fazer cafuné, mas é feito presente de amigo secreto, sabe? Você faz aquela cara depois que recebe!Aquela! Cafuné que é cafuné é dengoso, manhoso, cheiroso (quando os cabelos fazem questão de exalar seu perfume), jeitoso, todos os 'osos' possíveis, é mal acostumado, é gostoso! Dê! Receba, mas por favor, o do dicionário NÃO!




Então, para você amigo, amiga de casa (no clima do radialista), cafunés :*

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ideal: adj. Que só existe na imaginação!


Estamos mesmo em 2011? Século XXI, oi? Exteriormente, quem sabe, né? Mas interiormente, como somos antiquados, conservadores, sintetizando? Parnasianos! 1850 e bolinhas nunca saiu de moda! Passamos a vida toda discutindo, o corpo ideal, a música ideal, o homem, a mulher ideal, e tudo sempre vai apontar para um "relacionamento ideal"! Mas o que seria ideal? Eis que voltamos ao plano parnasiano! Perfeição! Eu sei, negamos até pra mãe se ela perguntar se temos um tipo 'ideal' de relacionamento, dizemos a velha frase 'não tenho tipo, o que vale é o sentimento'! Hã? Oi? É piada, né? Só pode ser! Basta pegar o "histórico" amoroso da pessoa, que você verá que todos mantém um certo padrão...Mas não quero me prolongar expondo o que eu achoou o que deixo de achar sobre relacionamentos alheios, mas sim, o que seria essa eterna procura desse "ideal"! Sim, mesmo admitindo que temos defeitos procuramos alguém exatamente igual a nós mesmos! E nem venha com aquela história de "os opostos se atraem, quero alguém que me complete" que nada, na prática a teoria é outra! Queremos uma versão de nós mesmo,homem ou mulher, depende da sua preferência, isso é que eu chamo de egocentrismo, hein? Mas acredite, quando você se depara com o ser humano que preenche todos os requisitos para entrar na sua mansão pela porta da frente, trazendo flores e com música de fundo (tam...tam) Você fica completamente apavorado! Primeira reação: "não é comigo, não pode ser"! Sim! É com você, seu ideal, seu protótipo parnasiano na sua frente. Se joga! Se agarra a ele! Diz que é seu e que ninguém tasca! Há quem faça, mas certamente não é geminiano! Qual o problema em se relacionar com alguém igual a você? Você! É, o ser humano é uma coisa doida mesmo, o ideal na minha humilde opinião seria a felicidade, é tão difícil sustentá-la, fazê-la querer ficar em nossa casa! Cuide do que você tem, do que a ti oferecem, porque no final você vai perceber que o dicionário é quem tem razão "Ideal: adj. Que só existe na imaginação." Afinal, já dizia Mário Quintana "Os opostos se distraem...Os dispostos se atraem."

domingo, 23 de janeiro de 2011

MEU espaço NÃO é SEU espaço!


Depois de dias e dias depois do blog feito, eis que surge um infeliz fato pr'eu postar!




- Sexta-feira, chuva, São Pedro com uma incontinência urinária terrível! 6:30 da manhã e eu de pé para trabalhar. Mas indo direto ao ponto...Primeiro prêmio do dia, perdi o onibus! Chegando na estação, perdi o metrô! Enfim, consifo pegar o querido metrô, de todo santo dia. Eis o ponto em que quero explorar. As pessoas não sabem o que é o espaço do outro quando estão sentadas? Em pé tudo bem, é difícil delimitar um espaço, e é impossível não não bater em ninguém, mas sentado, SENTADO? Existe uma coisa nas cadeira do metrô chamada genericamente por "divisória" e sabe pra que servem, justamente para dividir dois lugares igualmente. Mas não, isso não acontece, primeiro, que se você abrir um livro a pessoa ao lado só falta pedir pra que você leia para ela! Olha a capa, o autor, a página, e ainda esbolça facialmente um "gostei, não gostei"! Mas voltando ao espaço...Eu particularmente, muitas vezes, já tive de ir sentada na beirinha da cadeira para não incomodar o colega ao lado, não, uma cadeira não é suficiente para quem abre as pernas em posição de parto e ainda cruza os braços, ocupando ainda mais espaço, ou ilusosiamente, pensa que corrobora a pose de viril do sexo masculino!


Partindo para o ônibus, sim, o pior está por vir! Ainda na minha sexta-feira ABENÇOADA, consegui peder o segundo ônibus do dia, ainda corri, molhei a blusa e os óculos, mas não fui feliz na corridinha. Quando consigo sentar, eis que senta uma figura, de início educada e pedindo licença, mas foi apenas de início. Sabe a "posição de parte" na qual falei anteriormente? Eleve ao quadrado, ponha um jornal aberto na minha cara e de quebra um cidadão esfregando as partes que ficam entre o quadril e as pernas, em meus ombros! Inferno? Não, não, é um nível ainda pior! Consegui afastar os orgãos do rapaz que estava em pé, do meu ombro, ao menos isso! Mas a posição e o jornal do colega de cadeira? HAHA, nem toques, nem sultis empurrões fizeram a criatura se tocar que tava invadindo MEU espaço, sim, eu estava sentada na ponta da cadeira, e de pernas cruzadas para dar mais espaço a ele! Não sendo o bastante, bote na conta dois celulares, dele, tocando, e o mesmo sem saber qual que tava tocando, mexia daqui, mexia de cá e nada de achar os malditos. E o jornal? Tava tão em cima de mim que consegui ler meu horóscopo do dia, os filmes que entrariam em cartaz e uma matéria sobre como afastar a TPM! Enfim, chega minha parada! E a primeira coisa que vem à cabeça, quando desço emputecida da vida é, "MEU espaço NÃO é SEU espaço", um dia, talvez eu dou essa ideia de placa pra EMTU!




Ágnes S.