sábado, 3 de setembro de 2011

Sim!

Um dia desses eu estava conversando com uma amiga minha sobre a fragilidade da felicidade. Não que seja um estado de espírito pequeno, fraco, mas pelo fato de ser uma tarefa bastante difícil sustenta-la. E minha amiga cantarolou os versos de Vinícius “tristeza não tem fim, felicidade sim”, pois é Seu Moraes, o senhor e seu whisky têm toda a razão.

Eu, particularmente, assumo que não sei lidar com felicidade. Ai, gente, é muito difícil, é ótimo se ter, mas como já disse, pense num negoço difícil é manter. E eu então que tenho um bloqueio na criação de textos terrível quando estou feliz. É tão mais fácil estar triste. Porque quando você está triste você chora, enche a cara, escreve loucamente, se descabela, aluga seus amigos com uma história que se eles se juntarem contam melhor que você com direito a extras, erros de gravação e em idioma diferente. Você come de menos ou de mais, reclama o dia todo, fica olhando pra nada perigando que uma mosca pouse em seu nariz por pensar ser um objeto inanimado, vai para outro plano espiritual e não se concentra em nada.

É decretado o estado de fossa em seu corpo, em sua vida pessoal e principalmente na sua playlist! Você passa horas e horas, dias e dias, ouvindo as mesmas músicas, se brincar você já tem uma pasta em sue computador com essas músicas escolhidas a dedo. Começa com você ouvindo as músicas que lembram a criatura ou a situação, e termina com você apelando pra Maysa, Fagner, Adriana Calcanhotto, Cartola e adentrando a madrugada ouvindo “Sinônimos” de Chitãozinho e Xororó! Seus amigos te dão colo, ouvidos, corpo todo e paciência, principalmente paciência. Isso quando um ou mais de um deles não estão na mesma situação que você.

E quando se estar feliz o que é que a gente faz? Ninguém suporta aquele sorriso de comercial de creme dental o dia todo! No mínimo irão te chamar de abestalhado. E a felicidade é tão frágil que você não sai alugando todo mundo pra contar o motivo pelo qual você está daquele jeito, você conta aos mais íntimos, e para o resto você sai com aquele “sim, tô bem”, dizer que está “ótimo”? JAMAIS! Se alguém diz que queria está como nós estamos, pensamos logo que é olho gordo. Você como normal, dorme normal, bebe normal, ouve as outras pastas de música do computador, ouve “O mundo é o moinho” como quem ouve uma receita de peru de Natal, não dá a mínima.

Cadê a emoção? Cadê o conflito, gente? A sociedade está mais preparada para conviver com pessoas tristes a conviver com pessoas felizes, ser feliz incomoda o vizinho. Temos trezentos argumentos para preferirmos a tristeza, ganhamos mais dengo, há pessoas que até chegam ao peso ideal, mas para que concordar com a maioria justo agora? Eu não sei conviver muito harmonicamente com a felicidade, mas aprendo, sempre fui (e sou) do contra mesmo e meu horóscopo que tire as luas do meu signo e se acostume com minha felicidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário