sábado, 11 de maio de 2013

Tadeu

Tadeu aparentava uns 27 anos, idade cabalística, e numa quinta-feira, trabalhando no balcão de um bar pé de chinelo, porém bem frequentado, viu entrar um cheiro que o fazia desimpregnar da inhaca de cerveja e cachaça que servia no bar. A mulher? Ah, era branca, ou melhor, chamava-se Branca, não se sabe se por certidão ou alcunha. Não importava, naquela tarde Tadeu resolveu que amaria àquela mulher, nem que fosse por 45 minutos da vida, de seus 27 anos. Inicialmente, amou-a com olhos, posteriormente, com a carne, no entanto, apenas lhe serviu uma dose de cana, sim, cana, foi assim que ela pediu "por favor, querido, uma dose de cana". E Tadeu serviu. Ficou em estase. Já era "querido". E duas conversas ouvidas depois descobriu, todos eram "querido" e "querida". Não importa, ele alegava que o "querido" que ela o tinha proferido possuía uma intonação diferente, e se ele acreditava que tinha é porque tinha! Quase me esqueci, Branca carregava um flor banca entre os seios, e o cheiro não vinha dela, saia da flor e se espalhava por todo o ambiente entranhando de cerveja e cana. Ela pediu vinho, mas não tinha, Fichas para sinuca, também não tinha, por último Branca pediu um guardanapo e uma caneta. Tadeu disse que ela esperasse um pouco e enquanto procurava a caneta alternava em olhar o vestido de Branca e a caixa que deveria estar a caneta. Então achou o objeto e entregou. No meio tempo em que a moça escrevia no guardanapo e Tadeu enxugava os copos chegou ao balcão Dominique. Dominique era um desses estudantes que fazem intercâmbio e desistem do próprio país e vira mais uma boca no país alheio. O rapaz era bem educado, cheio dos eufemismos e soltou "ela é linda, mas é mulher da vida" - Tadeu quase derrubou o copo - e Dominique prosseguiu "dizem que de luxo, e que amou uma vez aí", pediu um maço de cigarro voltou para a mesa. E Tadeu? Tadeu queria amar àquela mulher! Saiu de trás do seu balcão e dirigindo-se à mesa de Branca disse que a amava, à ela e à flor. Branca se levantou, dobrou o guardanapo, pegou na mão do rapaz para pagar a conta e disse que era puta, sim "puta", foi esse o termo, entregou-o o papel e foi embora. No papel havia o desenho da flor dos seus seios, o nome da flor e o nome dela: "Gardênia", mais conhecida na noite e na vida, de tantos homens que a amaram, como "Gardênia Branca".



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Graphos

Deu duas piscadas, esfregou os olhos, mirou no livro e lendo horizontalmente:
"Tudo é passível"



...concordou sem hesitar,afinal, ser passível era mais lógico que o tudo ser possível.