domingo, 30 de outubro de 2011

Tempo, tempo, tempo, tempo...


Alguém pediu o consentimento do sol para lhe atribuir um horário?
Roubaram-lhe um raio!
O horário de verão aumenta a carga horária da nossa estrela,
Acabam por atrasar nossos olhares para o tempo.
Mas a questão não é atrasar o relógio em uma hora.
 Uma hora a mais, uma hora a menos, tanto faz... 
O problema é que atrasamos a vida no mesmo período todo ano,
 e quando o verão chega não tem mais jeito, 
 a vida foi mais uma vez atrasada!
 E enquanto alguém insistir em  acordar o sol uma hora mais cedo,
deixando-o com mau humor matinal antecipado,
 iremos continuar atrasados nessa vida atrasa,
 mesmo o relógio dizendo que estamos na hora...
Perdidos,
 sem nem saber para onde vai uma hora dessa vida perdida.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Eu, tu,ele, nós, vós, eles, tu, nós, eu, de novo, oi?


Normalmente se diz por ai que tal lugar é um ovo, que é uma bola, qualquer coisa dessas de médio porte. Mas a verdade é, meus caros, ovo Recife jamais será, se um dia foi é porque não existia redes sociais, open bar, muito menos a UFPE. Sim, porque a cada dois passos você fala com alguém, que fala com seu amigo, que você nem sabia que e seu amigo conhecia, que é ex da irmã desse seu amigo, e assim vai esse nó que no final todo mundo conheceu todo mundo de alguma forma, nem que seja pelo nome, apelido ou trela cometida!

Na minha humilde opinião, isso é o que menos importa, conhecer as mesma pessoas até facilita o convívio e vida social. O problema é, como toda qualquer espécie de animal, quando o convívio é grande, os laços aumentam, se é que vocês me entendem, esses laços amigáveis passam a ser afetivos, ou carnais, como queira. E quando você vê, já tem gente demais na história, parece uma feira, bolsa de valores de NY, e você pensa naquele velho: Vai dar merda!

Pois bem, meus caros, e dentro de toda essa avalanche de laços afetivos, começa uma espécie de teias, de ligações intermináveis, assemelha-se até a um cubo mágico, ninguém consegue resolver. Chega a hora em que não é mais possível raciocinar como começou, por quem começou, e muito menos, onde vai acabar. O que é de nosso conhecimento de mundo é que esse processo é digno de uma Terceira Guerra Mundial com tudo que tem direito. É gente morrendo, gente querendo matar, gente saindo sem uma mão, sem um braço, e não, não é legal! A impressão que dá é que o número de pessoas para você se relacionar é limitado, nessas situações! Você corre e acaba por namorar alguém que foi ex da sua amiga, que por sinal namora um ex seu, OI? E você percebe que no meio do caminham tinham pedras, ou melhor, um clico vicioso! Você se enxerga em uma verdadeira quadrilha não digna de Drummond nem da Flor da Idade de Chico!

Dentro desse anarriê desenfreado, cavalheiro cumprimente sua dama, os cidadãos começam a se comportar de forma estranha. Em um dia estão todos bem, na paz do Cosmo, no outro aparecem trocando farpas, mas porquê? Houve troca de pares na certa! E não adianta fugir, de alguma forma alguém lhe insere na quadrilha e quando você menos espera está no meio do furacão! Tudo que você que é sair, conhecer alguém que não conheça ninguém, e é assim que os estranhos se tornam atraentes. E o mais interessante dessas quadrilhas amorosas é que a gente dança, não sobra nem uma vassoura sequer, mas até para chorar as mágoas de um par perdido acontece em conjunto, porque consequentemente alguém teve de largar outro alguém para se unir ao seu ex alguém, confuso não? MUITO!

Mas o melhor, O MELHOR de tudo é que sempre chega um desavisado, nosso J. Pinto Fernandes ou nossa Dora, que não está nem um pouco preocupado com a bola de neve, o bombardeio, as mortes de amor retoricamente. Ele simplesmente tira um par para dançar, tira a peça do meio de um torre de cartas, dar um tapa na nossa cara com luvas de veludo, esbouça um sorrisinho no canto da boca e quem dança somos nós! Alavantu! E como diz Cartola: Rir pra não chorar!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

I.I


E foi como tirar todas as vírgulas da respiração...
Desfazer o crochê desenhado pelas linhas das mãos...
Manchar de tinta marrom o amarelo dos girassóis...
Tirar o prazer de se sujar tomando sorvete de flocos...
E o cigarro foi
a
pa
gan
do
...
Sem cinza,
Sem cheiro nos dedos,
Só o gosto da fumaça,
E o cigarro
(mal tragado)
apagou!



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Dois goles


E no dia 11 de outubro, dia de seu aniversário, ela foi ao encontro de sua mãe no café. Caminhou até o outro quarteirão e junto aos seus passos uma questão a ser esclarecida...
Conversaram. Comeram. Abriu o presente. Sorriram, e depois de duas horas de conversa ela perguntou:
-Mãe, por quê quando eu nasci a senhora e meu pai
não me deram um pé de feijão ao invés de um coração?



A colher bateu na xícara duas vezes,
o café foi adoçado,
e o silêncio se deu
em dois gole.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

17 graus celsius

(...)
Havia esquecido o rádio ligado, não sei bem se era rádio ou tava tocando cd... Algo tocava insistentemente, "É sexta-feira, amor!É sexta-feira, amor!"¹ ... Bocejou, passou a língua nos lábios, eles tinham marcas de sal, não, tinha gosto de sal, ela nem tinha jantado antes de dormir, mas apesar de todos os não indícios, os lábios eram duas pitadas de sal. Olhou pela janela, quase sem abrir os olhos e fechou as cortinas rapidamente. No rádio dava 34 graus, na caixa de costelas dava exatos 17 graus celsius. Então decidiu abrir os olhos ainda embaçados, bateu nos móveis, como de costume e entrou mais uma vez na "mecanicidade" diária. Passar roupa, escolher as meias, pegar a toalha e ligar o rádio para tomar banho, mas dessa vez tinha algo faltando, algo sobrando, até que ao abrir o chuveiro e sentir alguns meses da vida caindo gota por gota, não do chuveiro,dela mesma, a vantagem foi que ela descobriu o motivo do gosto de sal na boca. Quando saiu do banheiro foi questionada pelas gotas jogadas no rosto e deu a seguinte resposta: foi o chuveiro, deve ter algum problema com a água, ela tá salgada.

E de fato devia fazer não 34, mas uns 36 graus, mas seu inferno pessoal era tão mais frio, tão mais algoz que duas blusas só surtiam efeitos estéticos e para disfarçar as reclamações corporais vermelhas. No leite - com - café, duas colheres de açúcar e uns flashs do dia anterior, sabe quando você vai apagando aos poucos que sua vista se assemelha a uma câmera de flash esquizofrênico. Um gole. Acendia. Apagava. E isso seguiu pelo resto do dia, um acender e apagar de luzes na sua retina. Mudou o perfume para não sentir o próprio cheiro. Calou-se. Cansou-se. E no final de tudo... O sal virou amargo, a água amargava, o almoço, a coca-cola, a lágrima, a mão, os abraços e o vinho.

A única coisa que ela lembrou no final do dia, a música que tocava insistentemente pela manhã se chamava "Ponto cego" e que teria que aprender a conviver com o amargo da boca, sem bom dia e boa noite. Então cantarolou para si "Ah, dindi, se tu soubesses como machuca não amaria mais ninguém..."²