sábado, 25 de junho de 2011
Fechando e abrindo a geladeira a noite inteira...
sábado, 11 de junho de 2011
Narcisismo barato
Você não está vendo?
Essa menina anda aos pulos
Aos saltos, dispensando os saltos e os quebra-molas
Andam dizendo por ai que ela distribui bons sentimentos
Mas não me disseram onde, só que distribuía
Como você não vê?
Ela amarra os sonhos com cordas de violão
Para que soem mais harmônicos
Tenta manter os pés bem longe do chão
Por achar a lua bem mais atraente
Guarda tudo numa caixa de sapato colorida
Porque diz ela que a saudade é uma caixa de lápis de cor de 24 horas
Escreve em toalhas de papel e guardanapos
Pois as letras manchadas constroem o mistério que tanto diziam que ela possuía
Desenha bailarinas sem olhos, boca ou nariz
Porque acha necessário apenas sua dança e o coração
Não toma café puro, nem leite puro
Por entender que a pureza é algo inexistente, então os mistura e sorri satisfeita
Acreditava em sinais mesmo sem saber o que eles diziam
Porque acreditava que precisava acreditar em alguma coisa quando não queria acreditar em nada
Voltava para a cama quando tocava o piso com o pé esquerdo
Pois achava a palavra ‘direito’ mais atraente que a palavra ‘esquerdo’
Gostava de ficar parada olhando para uma torre antiga sem relógio
Porque queria só uma desculpa para olhar pra cima sem levar nome de maluca
Preferia cair de cabeça
Pois dizia que aquelas molas na cabeça lhe serviriam para algo além de ganhar carinhos sendo enroladas
Comprava coisas de estranhos mesmo não tendo utilidade
Porque dizia que a utilidade estava na sensação de bem estar
Ela enrola um novelo de lã invisível
Pois argumenta que uma ponta ta amarrada na cabeça e a outra nas mãos do destino
Acredita na história de que a mão é proporcional ao tamanho do coração
Porque diz que é melhor guardar um coração na mão a deixar jogado no bolso
Fingia em seu quarto que era alguém conhecido
Quando na verdade adorava aquela sensação de invisibilidade perante os outros
Gostava da sensação que tinha quando a lágrima rolava pelo rosto
Pois pensava: Afinal, alguém ta se divertindo aqui, escorregar é divertido!
Tinha um enorme fascínio pela sonoridade de certas palavras e expressão
Porque achava agradável, os lábios repetindo o que o pensamento sugeria
Gostava de ir ao cinema, mesmo que fosse sozinha
Porque achava normal, anormal seria ficar em casa sozinha da mesma forma
Dizia não fazer diferença qual fase a lua estava
Porque de qualquer forma ainda seria a lua,
e porque não sabia diferenciar, isso é verdade
Ela acreditava, simplesmente acreditava
Nos astros, na chuva no final da tarde, no chocolate preto
Nas flores pequenas, em dormir depois das três da manhã
Sentia medo de quem falava em terceira pessoa
Achava que o morango por ser tão charmoso merecia ser mais doce
E dentro daquela caixa na qual guardava tudo, dizia ainda faltar algo
Dizia que ‘tudo’ era uma palavra muito atrevida
Porque acreditava que tudo, tudo mesmo só se tivesse amor na caixa.