terça-feira, 25 de março de 2014

Existe amor em BH


Depois de um certo tempo, passa-se a ter menos reflexo, a lentidão pula pela janela e quando se é sedentário então, o mínimo que a vida te pede é mais sensibilidade. Sabe aquela placa de linha de trem, da infância? "Pare. Olhe. Escute." Seria um ótimo slogan para o bem da humanidade. Mas então... Caí em BH de paraquedas, entrei de gaiata numa viagem de uma amiga que sempre teve a certeza de que a vida lá em como uma música do Clube da Esquina. E é. Eu, que me apaixono até por sombrar, quis casar com os muros, com as casas antigas, com as montanhas, com o moço da banca de revista, com a senhora que me acordou perguntando se eu não ia tomar café, com a comida, com o queijo, com a cachaça, ai, e viveria eternamente casada com o céu (e com o pão de queijo). E numa dessas paixonites, no meu "pare, olhe, escute", percebi uma constante, as pessoas estão engajadas em trazer/devolver o amor do outro. Diversas são as formas, com garantias, sem intenção comercial (algumas), muitas só aceitam dinheiro depois do amor concretizado, uma cidade inteira em prol do amor. Em uma sociedade egoísta e centralizadora, fria como ferro do metrô, cartomantes, mães e pais de santo compactuando com a felicidade alheia. Talvez seja o céu, com as nuvens redondas que a gente desenha quando a aula de artes é "desenho livre", talvez seja só amor mesmo, regalo da vida, quem se importa, até a originalidade da minha tatuagem foi quebrada numa estação de trem e um sorriso pela coincidência. Só sei que se qualquer amor já é um pouquinho saúde, BH tá bem do coração, dos olhos e do pulmão. E se você for procurar, na rua Quimberlita, em Santa Tereza, tem um pedaço de coração, de olhos e pulmão, que já nem são meus, são do amor, do amor que compreendi melhor, do amor que consegui (re)ver no ser humano, do amor que já tinha e reafirmei... Sim, existe amor em BH, os postes, os muros, cartomantes e meu coração dizem.



Ah, obrigada, Bel.