terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Mama


Hoje, tomando meu sal de frutas, lembrei dela. Não sei porquê. Primeira vez que senti saudade. Lembrei do rosto dela, quase nunca sorria, principalmente nos últimos anos. Hoje penso que sofríamos do mesmo mal, genético talvez: dificuldade de demonstrar sentimentos. Medo de sorrir. Não, devo me contradizer, lembro-me dela sempre que compro um chiclete, algo que cheire a barraquinha que conservara quando eu era criança, ou melhor, quando ganho um chiclete. Não sei se cheguei a ganhar a simpatia dela. Mas sei que ganhei orgulho. Às vezes me pego rindo quando lembro d'ela perguntando aos berros, sentada em sua cadeira de balanço na frente de casa, eu já no final dos degraus, se eu não iria pedir a benção, ou melhor, "a bença". Hoje, depois de quase um ano sem pedir a bença, desfiz os maus julgamentos que fiz dela. É por essas e outras, que mesmo estando no últimos degraus da minha rua, lembro que esqueci de algo. Chego à porta e, aos berros como minha Mama me ensinou, grito: "bença, mainha, bença, painho."

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Vista para lugar nenhum



Quase 18:00 e o sol ainda ali,
Sentada no degrau de casa,
Com vista para lugar nenhum,
Vejo Luísa correr de um lado para o outro
Sem espaço vertical,
mas há espaço para a felicidade!
Vejo no cabelo dela saltitando,
e confirma a música que toca ao lado:
"Tudo há de melhorar",
Nem precisava de música,
Precisava apenas da vista para os cabelos dela.