sexta-feira, 31 de agosto de 2012

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Então morrer deve ser assim...
Como dormir de tarde,
mas não acordar com o cheiro do jantar de mainha
sinalizando que ainda é dia.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nicolah e as propagandas políticas


Final de férias, comecinho das aulas, ano de eleição e Nicolah, curioso como sempre, com sua sobrancelha esquerda, erguida, sinalizando dúvida. Olhou para cima, os muros. Para baixo, o meio fio. Para a rua, os carros de som. E sua mãe com o sorriso de quem estava a pensar: lá vem mais uma. Pensado e feito, Nicolah despejou, sentado na cadeira do terraço, tirando os sapatos para não sujar a casa toda:
- Mãe, quem são esses homens?
- São candidatos, menino. A mãe responde.
- Mas vê só, candidatos a o que? Retruca o menino, agora com os braços cruzados, ainda mais intrigado.
- A vereador, prefeito, essas coisas para melhorar a cidade, sabe? Diz a mãe.
- Sim, mãe... Mas...
- Vá, meu filho fale.
- Para melhorar nem precisa disso tudo, é simples, é só basta tirar esse bando de foto e esses carros de som que atrapalha meu cochilo da tarde que já ajuda bastante. E além do mais, queria saber quem foi que disse a eles que é legal apertar bochecha de criança, dói! Afinal, quem é que vota em candidato que maltrata criança e suja a rua? Tem o que mesmo pra gente almoçar?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Não pegue nada do chão



De uns tempos pra cá ando tendo uns flashs da minha infância. Lembranças boas. Muito boas. Aqueles conselhos que minha mãe me dava “não pegue o lanche do seu coleguinha”. É, é importante não pegar o lanche do seu coleguinha! Onde foram parar esse tipo de conselho? O “peça desculpas!”, “não empurre!”, “não faça nada que não queria que façam com você”, o que anda faltando na vida são esses clichês. Que no final das contas tais clichês são tão mais sensatos que o fato de nos acharmos adultos. Porque ser infantil é preciso.
Precisamos saber pelo que espernear. Deixar o que é dos outros com os outros. Aceitar a distância, manter distância quando preciso. Compreender que o tempo do outro não tem qualquer ligação que seja com o seu. Voltar a olhar nos olhos, tocar, perceber. Amar mais, amar errado, amar sem jeito, mas amar. Voltar a ter a delicadeza de ouvir. Saber recolher-se. Dar espeço. Repensar o significado de respeito. Peneirar ações. Não confundir ingenuidade com imaturidade. Reconhecer que harmonia não é palavrão. Que valor não se mede em “dinheiros”, como costumávamos dizer. E que se alguém largar algo pelo chão, pode ser que ele queira de volta depois, não pegue, não é seu. Porque como dizia minha sábia mãe “Você só tem direito a um, se você pegou vai ser esse, nada de pegar o dos outros”, e até hoje ela me diz isso. Ah, e só para finalizar... “Não pegue nada do chão.” Porque se o fazíamos quando criança qual a dificuldade de fazê-lo agora?