segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Este trem seguirá para...- Pera, pera, quem decide sou eu!

Estação

Já tentou prestar atenção a uma estação de trem? Nunca pretendi saber qual o significado desta palavra “estação”, mas o que importa diante do fato curioso de existir milhares de pessoas que não se conhecem e se vêem todos os dias e quando estão cheias, simples, trocam de vagão. Mas se prestarmos atenção, um trem tem lá suas semelhanças com a vida, tentarei ser mais clara. Nós entramos por necessidade de percorrer um caminho e chegar ao destino desejado, quem dera fosse assim, mas a cada estação diferente seus sonhos, planos e esperanças desembarcam e nunca chegam ao seu destino, não temos opção, as portas abrem-se, fecham-se e alguém o guia novamente.

Algumas vezes passamos despercebidos de nossas estações e nem sempre temos força para chegar ao seu terminal, mas pense comigo, não precisamos ser necessariamente o passageiro que entra todos os dias no mesmo vagão e não consegue olhar para cima por odiar a sensação de encarar ou ser encarado, por que não podemos ser o maquinista? Nós próprios condutores de nossas paradas e terminais. O problema é que por muitas vezes temos a sensação de estarmos nos trilhos e o trem de nossas frustrações nos atropela repetitivamente até termos coragem e força de decidir em qual estação nosso medo deve desembarcar e nossa vontade de viver conduzir nosso trem.

Temos milhões de passageiros desconhecidos, inúmeras paradas desnecessárias, obrigatórias, recordações ao olhar pela janela do vagão, encontros e desencontros, situações em que as lágrimas esvaíram-se ali mesmo com todos os desconhecidos olhando, gargalhadas nas mais imprevisíveis conversas com um amigo, vontade por muitas vezes de desaparecer por se sentir sufocado, pressa por estar ansioso para encontrar alguém, simplesmente adormecer sendo vencidas pelo cansaço, conversas surpreendentes com um estranho, já nem sei mais se estou falando da vida ou do trem, pois é todos nós temos muito a aprender, seja ao escutar de uma conversa do passageiro ao lado, ou ao construir do próprio trem fazendo das estações lições, e dos terminais felicidade, dos trilhos nossos erros reconhecidos e do estranho na sua frente, quem sabe mais uma história a ser ouvida.

Esqueça a estação que tem que desembarcar, sai dos trilos, esquece o trem, compre um fusca, pegue um táxi, se permita mudar, e mude o transporte, o comportamento, a letra, conte sua vida pra um estranho, seus dramas amorosos que você odeia lembrar, mas adora contar, melhor vá a pé! Corra feito um louco se souber o caminho melhor, corra também caso não souber, quem sabe no caminho não cabe mais um sem destino, mas já está no meio do caminho, ou você acha que essas linhas em suas mãos são por acaso? Troque o tênis pela havaiana, ame quem te der vontade, espaço e boas risadas, conquiste o maior número de carinho possível, e distribua em dobro, oferece teu tempo desocupado ao que a vida lhe reserva, construa duas belas asas de papelão, mesmo que você não voe a ilusão será válida, esqueça a placa de “vende-se” que você vê nas atitudes dos outros, e tatue na sua alma uma maior ainda em negrito “vive-se”, vai, o trem, a bicicleta, as asas de papelão, do passarinho, as cordas do violão, tudo a ti pertence. Vai, corre vai!Acorda e sai!Pega o lápis de cor e pinta teus trilhos. Vai, sobe a ladeira ou vira a esquina, se a porta da frente não tiver aberta grita: ‘arrudeia’, se a música não te agrada e o ar condicionado tá de congelar, puxa um samba, um dos Chico’s, canta Céu e muda de vagão novamente, por falar nisso, chegou minha estação, prazer em conhecer.




- Ágnes S.

http://

Um comentário: