segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Colo, carinho e sossego.




No teu colo

Daqui, os teus olhos parecem mais à vontade ,
Menos tristes,
Mais amenos,
Menos trêmulos.
Sei que estou os vendo de baixo para cima
Mas só assim me é permitido enxergá-los
Assim, os dois, deste jeito, sem cortinas
Sem máscaras, sem lunetas
Os dois tímidos, que nem parecem seus.
E quando abro a boca
Para desfilar tolices cheias de segundas intenções
Eles se fecham, risonhos e encabulados
Fazendo-me enxergar duas meia luas
Implorando para que eu pare de falar
Mas não dura, um segundo sequer, e eles se abrem novamente
Denunciam-se, piscam duas vezes, miram os meus olhos
E insinuam-se para que eu continue minhas boas tolices
E quando canso e termino, eles se despem em gargalhadas
Mirando a janela, sempre fechada, passando a mão nos teus,
Nos meus cabelos e antes que eu deslize para algum “mas”,
Mudas de assunto !
Daqui, os teus olhos parecem mais sinceros,
Menos infiéis,
Mais preguiçosos,
Sem armadura .
Daqui, meus olhos fazem, refazem, desfazem planos
Fazem-se sempre os mesmos questionamentos,
E quando me levanto, enxergando tudo horizontalmente,
Olho para as horas presas em meu pulso, ameaça chover,
Desisto de ir embora, faço tua mão de brinquedo e deito no teu colo.

Ágnes S.

Nenhum comentário:

Postar um comentário