segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Semente


Crua...
Crua a poesia,
a língua.
O verso mal passado,
o verso imanente,
amassado.
Crua a ideia,
a língua privada,
crua a folha manchada,
o mofo.
Crua a palavra,
sem gosto,
eu fônica,
eufórica,
crua!
Cru o amor,
mas não em raiz,
em semente
para fazer café,
exibir a fumaça,
te tirar o sono,
deixar o gosto boca,
também crua,
e a língua crua
de beber o amor ainda quente
pelo cheiro, pelo tato,
sem deixar que esfrie,
sem deixar que cozinhe,
pois o amor só (se) serve cru.

Nenhum comentário:

Postar um comentário