terça-feira, 7 de agosto de 2012

Não pegue nada do chão



De uns tempos pra cá ando tendo uns flashs da minha infância. Lembranças boas. Muito boas. Aqueles conselhos que minha mãe me dava “não pegue o lanche do seu coleguinha”. É, é importante não pegar o lanche do seu coleguinha! Onde foram parar esse tipo de conselho? O “peça desculpas!”, “não empurre!”, “não faça nada que não queria que façam com você”, o que anda faltando na vida são esses clichês. Que no final das contas tais clichês são tão mais sensatos que o fato de nos acharmos adultos. Porque ser infantil é preciso.
Precisamos saber pelo que espernear. Deixar o que é dos outros com os outros. Aceitar a distância, manter distância quando preciso. Compreender que o tempo do outro não tem qualquer ligação que seja com o seu. Voltar a olhar nos olhos, tocar, perceber. Amar mais, amar errado, amar sem jeito, mas amar. Voltar a ter a delicadeza de ouvir. Saber recolher-se. Dar espeço. Repensar o significado de respeito. Peneirar ações. Não confundir ingenuidade com imaturidade. Reconhecer que harmonia não é palavrão. Que valor não se mede em “dinheiros”, como costumávamos dizer. E que se alguém largar algo pelo chão, pode ser que ele queira de volta depois, não pegue, não é seu. Porque como dizia minha sábia mãe “Você só tem direito a um, se você pegou vai ser esse, nada de pegar o dos outros”, e até hoje ela me diz isso. Ah, e só para finalizar... “Não pegue nada do chão.” Porque se o fazíamos quando criança qual a dificuldade de fazê-lo agora?

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