quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nicolah e o palhaço gaguejado



(...) 
E Nicolah assustado, pressionando a bolsa contra o peito, apressou os passos...
Tinha mania de contá-los, sempre, da escola até a casa - Ao todo? Nunca se sabe, nunca se soube, mas se sabia que Nicolah anotava tudo em seu caderninho com capa de couro azul, quase preto, ou preto, quase azul, era outro mistério da discrição do menino.
Era sexta-feira. Mês de fevereiro. Fim de tarde, e Nicolah, quase correndo, invade a sala. Invade a cozinha e, sem lavar as mãos, fala com a mãe - em um misto de respiração, gagueira e a inquietação:


- Mãe, mãe, mããe! Ali na... na... na esquina, um paa...palhaço
- O que tem o palhaço, meu filho? Respira e fala direito, menino, lava essas mãos!
- Um não, um monte, um bocado, de... palhaa... palhaço, tudo junto, tudoo...
(Sentou, pegou um cadeira, não se aguentava em pé)
- Fala logo, menino! E lava essa mão, sabe lá o que pegou no meio da rua!
- Eles tavam chorando, mãe, chorando, todos - recuperou o fôlego e não gaguejou mais - E sabe que mais?
- Sim... (Guardando os pratos do almoço recém lavados)
- Pela conversa disseram que a culpada era uma mulher, uma mulher, mãe! Uma tal de Col.. Colom... Colombina!
(A mãe sorriu, guardou o último garfo no armário e puxando o menino para lavar as mãos disse)
- Quando terminar de lavar as mãos toma um banho, que o Pierrot perdeu a Colombina para o Arlequim porque o Arlequim lavava as mãos quando chegava da rua! E é carnaval, meu amor e, não esquece da toalha!


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