sábado, 14 de abril de 2012

Nicolah e o palhaço de macacão sujo



Era aproximadamente 19h quando o menino caminhava, na rua, segurando a mão de sua mãe, olhava para tudo, olhou para cima, procurou a lua mas não achou, olhou para baixo, brincou com a sombra, olhava as formigas, mas não largou por nada a mão de sua mãe. E falou: Mãe, a minha sombra deve ser mais nova que eu, ela é menorzinha, viu?
Mas o que o intrigou não foi a ausência da lua ou o tamanho da sombra. O que o intrigou foram dois homens caminhando com rosto desbotado em tinta, suspensórios ao chão, sapatos nas mãos e caixas de som nos ombros. O menino olhou, olhou, suspendeu a sobrancelha, coçou a cabeça e deu duas puxadas na mão de sua mãe e questionou:

- Mãe, mãe, quem eram aqueles homens? Acho que conheço eles de algum lugar.
E a mãe responde: - São palhaços, meu filho, você não reparou a pintura e as roupas?
- Palhaços? Não, mãe, não são, mês passado eu vi uns na rua, tristes, chorando e a senhora disse que era um troço de pierrot. O menino retruca.
A mãe sorri e responde. - Mas filho, aqueles são outra história. Estes são palhaços profissionais, trabalham em circo, cobram entrada, essas coisas de gente grande.
O menino pensa, pensa, enruga a testa e em um estalo, questiona: - Cobram? Cobram para fazer a gente sorrir? Deve ser por isso que eles não fazem ninguém rir, já viu alguém cobrar para fazer o outro dar uma gargalhada? Deve ser por isso que eles são tão mau humorados sem a pintura, e ainda sujam o macacão! Mãe, não foi por isso que a menina Colombina deixou o tal do Pierrot? Pela sujeira dele? Depois fica chorando no carnaval e não sabe porquê foi!

Nenhum comentário:

Postar um comentário