sábado, 11 de junho de 2011

Narcisismo barato



11 de Junho

Você não está vendo?

Essa menina anda aos pulos

Aos saltos, dispensando os saltos e os quebra-molas

Andam dizendo por ai que ela distribui bons sentimentos

Mas não me disseram onde, só que distribuía

Como você não vê?

Ela amarra os sonhos com cordas de violão

Para que soem mais harmônicos

Tenta manter os pés bem longe do chão

Por achar a lua bem mais atraente

Guarda tudo numa caixa de sapato colorida

Porque diz ela que a saudade é uma caixa de lápis de cor de 24 horas

Escreve em toalhas de papel e guardanapos

Pois as letras manchadas constroem o mistério que tanto diziam que ela possuía

Desenha bailarinas sem olhos, boca ou nariz

Porque acha necessário apenas sua dança e o coração

Não toma café puro, nem leite puro

Por entender que a pureza é algo inexistente, então os mistura e sorri satisfeita

Desenha nos pés linhas imaginária
Porque afirma que tudo começa pelos pés, principalmente a história que você escreve

Acreditava em sinais mesmo sem saber o que eles diziam

Porque acreditava que precisava acreditar em alguma coisa quando não queria acreditar em nada

Voltava para a cama quando tocava o piso com o pé esquerdo

Pois achava a palavra ‘direito’ mais atraente que a palavra ‘esquerdo’

Gostava de ficar parada olhando para uma torre antiga sem relógio

Porque queria só uma desculpa para olhar pra cima sem levar nome de maluca

Preferia cair de cabeça

Pois dizia que aquelas molas na cabeça lhe serviriam para algo além de ganhar carinhos sendo enroladas

Comprava coisas de estranhos mesmo não tendo utilidade

Porque dizia que a utilidade estava na sensação de bem estar

Ela enrola um novelo de lã invisível

Pois argumenta que uma ponta ta amarrada na cabeça e a outra nas mãos do destino

Acredita na história de que a mão é proporcional ao tamanho do coração

Porque diz que é melhor guardar um coração na mão a deixar jogado no bolso

Fingia em seu quarto que era alguém conhecido

Quando na verdade adorava aquela sensação de invisibilidade perante os outros

Gostava da sensação que tinha quando a lágrima rolava pelo rosto

Pois pensava: Afinal, alguém ta se divertindo aqui, escorregar é divertido!

Tinha um enorme fascínio pela sonoridade de certas palavras e expressão

Porque achava agradável, os lábios repetindo o que o pensamento sugeria

Gostava de ir ao cinema, mesmo que fosse sozinha

Porque achava normal, anormal seria ficar em casa sozinha da mesma forma

Dizia não fazer diferença qual fase a lua estava

Porque de qualquer forma ainda seria a lua,

e porque não sabia diferenciar, isso é verdade

Ela acreditava, simplesmente acreditava

Nos astros, na chuva no final da tarde, no chocolate preto

Nas flores pequenas, em dormir depois das três da manhã

Sentia medo de quem falava em terceira pessoa

Achava que o morango por ser tão charmoso merecia ser mais doce

E dentro daquela caixa na qual guardava tudo, dizia ainda faltar algo

Dizia que ‘tudo’ era uma palavra muito atrevida

Porque acreditava que tudo, tudo mesmo só se tivesse amor na caixa.

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